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DINO - 12 mai, 2016) - Um grupo de cientistas da Universidade da Califórnia, nos EUA, conseguiu criar uma espécie de "mapa" da linguagem no cérebro ao distinguirem alguns detalhes do sistema semântico, que é a "rede" que representa palavras e significados em várias partes do encéfalo. Com isso, como comenta o médico Sergio Cortes, o estudo poderá ser utilizado para analisar a atividade cerebral de pessoas que apresentam algum problema de comunicação, pois usando os mapas de linguagem em comparação com os dados obtidos com essa análise, será possível entender melhor o que está sendo dito por essas pessoas.
O trabalho dos pesquisadores, que foi divulgado na revista Nature, gerou um "mapa" que mostra como o cérebro aparelha a linguagem. Sergio Cortes reporta que, entre outras coisas, esse mapa mostra como uma determinada parte do cérebro entra em ação como resposta a palavras relacionadas a vestuário e aparência. De acordo com o estudo, os "atlas semânticos" originados a partir da atividade cerebral gerada por essas palavras eram muito semelhantes nas pessoas que foram voluntárias na pesquisa. Sergio Cortes comenta que a ciência já tinha conhecimento de que dados relacionados ao significado das palavras são representados nas partes do cérebro que formam o sistema semântico. Contudo,
o estudo dos pesquisadores da Universidade da Califórnia obteve informações bem mais detalhadas sobre essa região, que se estende ao longo do conjunto mais externo do cérebro. Para conseguirem essas minúcias, os cientistas transformaram informações de ressonâncias do cérebro, associando palavras a conceitos ao posicionarem esses termos nos dois lados do encéfalo. Dessa forma, a pesquisa pode ser fundamental para ajudar na comunicação de pessoas que tiveram doenças que prejudicaram sua fala, como derrames e enfermidades neuromotoras.
Para chegar a esses resultados, a equipe de pesquisadores recolheu informações sobre a atividade cerebral em várias partes do córtex dos voluntários da pesquisa, que ficaram mais de duas horas em um equipamento de imagens por ressonância magnética ouvindo a programação de uma rádio americana. Sergio
Cortes comenta que como o córtex tem um importante trabalho relacionado a funções como linguagem e consciência, as imagens obtidas foram analisadas juntamente com transcrições e cronometragens das histórias que estavam passando na rádio. Dessa maneira, os cientistas, utilizando um algoritmo de computador, pontuaram palavras segundo a proximidade que elas tinham em relação aos significados.
Na sequência, os resultados obtidos foram transformados em um mapa que relaciona termos a conceitos, sendo que, de acordo com isso, as palavras foram dispostas nos dois lados do cérebro. Através disso, os pesquisadores mostraram que o sistema semântico é distribuído em mais de cem regiões dentro dos lados esquerdo e direito do córtex, além de apresentarem padrões complexos. Com isso, o mapa mostrou que diversas partes do encéfalo têm a capacidade de representarem uma linguagem que, mais que conceitos abstratos, descreve pessoas e relações sociais. Entretanto, como comenta
Sergio Cortes, uma única palavra pode aparecer diversas vezes em muitas regiões do mapa representativo do cérebro humano. Para concluir, Sergio Cortes destaca que Jack Gallant, um dos autores do estudo, disse que existem diferenças substanciais nos mapas de cada pessoa, apesar de todos serem bem parecidos. Contudo, ele também afirmou que ainda serão necessários outros estudos, mais amplos e com mais pessoas, para que as variações individuais possam ser mapeadas de maneira detalhada.
Fonte:
G1