Releases 24/05/2017 - 18:03

Negligenciados e subestimados, empresários sêniores podem melhorar economia brasileira se tiverem apoio, diz estudo


(DINO - 24 mai, 2017) - O provérbio "a velhice é depositária da experiência" foi tomado a sério no envelhecimento da população mundial, segundo o último relatório do Global Entrepreneurship Monitor (GEM). Pela primeira vez desde que a pesquisa começou, há cerca de uma década, o número de adultos mais velhos que atuam como trabalhadores independentes agora supera o dos adultos jovens, sugerindo que a experiência dos maiores de 50 anos ainda poderia ter um papel significativo nas economias do mundo.

De acordo com o Relatório Especial do GEM sobre Empreendedorismo Sênior, 18% dos adultos entre 50 e 64 anos e 13% entre 65 e 80 anos são trabalhadores autónomos, em comparação com apenas 11% dos adultos entre 18 e 29 anos. 18% dos empresários de meia-idade (de 30 a 49 anos) são trabalhadores autónomos.

Na América Latina e no Caribe, a taxa de empreendedorismo sénior, tanto em termos de intenção empresarial como de atividade empreendedora em estágio inicial, é a segunda maior do mundo em 27% e 14%, atrás apenas da África Subsaariana (35%/19%) e muito à frente do Médio Oriente e Norte da África (23%/7%) e os países europeus (6%/4%).

O Brasil tem a sexta maior população de idosos do mundo, com mais de 24 milhões de pessoas com mais de 60 anos, segundo um relatório de 2015 das Nações Unidas. No entanto, os programas de empreendedorismo e seu apoio são, em geral, voltados para jovens e jovens adultos. O relatório do GEM sugere que o apoio especializado a empresários mais velhos poderia permitir benefícios para a estabilidade econômica - especialmente em economias onde o empreendedorismo sênior é mal representado.

"O sucesso e a prosperidade empresarial não têm limites de idade", afirmou Mike Herrington, diretor executivo do GEM, cujo relatório baseia-se em dados coletados entre 2009 e 2016 sobre a atividade empresarial de mais de 1,5 milhão de pessoas de 104 países. "Embora a percepção tradicional é a de que empreendedorismo é coisa de jovens, os dados mostram que, em muitos aspectos, os idosos são uma força empreendedora significativa. Mas este segmento é em grande parte um recurso negligenciado e subestimado".

Os números relacionados à América Latina são consistentes com as descobertas do GEM de que os níveis de empreendedorismo são tipicamente maiores em economias "fator-driven" (impulsionadas por fatores produtivos básicos), onde os tipos de negócios iniciados frequentemente exigem menos habilidades e dinheiro para começar.

De acordo com Thomas Schott, professor de empreendedorismo na Universidade do Sul da Dinamarca e principal autor do relatório, os empresários sêniores trazem consigo uma série de benefícios - econômicos, sociais e ambientais - que o relatório rotula como "dividendos de ouro". Estes incluem aliviar a pressão do envelhecimento da população sobre o Estado e criação de emprego.

"Todo adulto mais velho que trabalha como autónomo tem menos probabilidade de ser um fardo financeiro para a sociedade, e contribui para a economia desse país ao pagar impostos e mantendo-se economicamente ativo", observa. "Além disso, os empreendedores sêniores são ligeiramente mais prováveis ??do que seus companheiros mais jovens a contratar mais de cinco empregados, ou seja, não estão criando apenas trabalhos para si, mas também para os outros".

Outros benefícios econômicos vêm do fato de que os idosos e adultos mais velhos que atuam como investidores informais também tendem a investir muito mais dinheiro em comparação com os adultos mais jovens. Quase dois terços (63%) dos investidores anjos mais velhos do mundo investem mais do que a média de todos os investimentos. E os empresários mais velhos de todas as fases de atividade empresarial apresentam níveis substancialmente maiores de satisfação com a sua vida e seu trabalho, em comparação com os simples empregados mais velhos. Isso traduz melhor saúde e menos demandas de serem colocados em programas de serviço social.

Schott acrescenta que estas descobertas têm uma importância particular para as economias que lutam com o peso de um percebido envelhecimento da população. "Com aproximadamente 16% da população mundial com 55 anos ou mais, os problemas da atividade empresarial em idades mais avançadas afetam diretamente mais de 1,2 bilhão de pessoas", aponta. "O mundo está começando a entender que os empresários sêniores, com sua riqueza de trabalho e experiência de vida, vastas rede de contatos, e ânimo de permanecerem produtivos, são um grande recurso inexplorado".

"É hora de pararmos de pensar nesta demografia como uma desvantagem e, em vez disso, reconhecê-la como ativo, e trabalhar em todos os setores para ajudar a superar barreiras e incentivar seu potencial. É essencial para os governos criar estruturas inovadoras e interinstitucionais para reunir recursos, catalisar o pensamento estratégico, priorizar novas políticas e criar investigações viáveis para impulsionar este movimento".
Website: http://gemconsortium.org