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DINO - 26 mar, 2019) - A partir de dezembro de 2019, todas as escolas brasileiras devem estar completamente adaptados às diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Uma dessas diretrizes diz respeito à resolução de problemas dentro do contexto da Educação Financeira. Segundo a BNCC, no ensino agora 'podem ser discutidos assuntos como taxas de juros, inflação, aplicações financeiras (rentabilidade e liquidez de um investimento) e impostos'. Além disso, a Base também diz que essa abordagem 'favorece um estudo interdisciplinar envolvendo as dimensões culturais, sociais, políticas e psicológicas, além da econômica, sobre as questões do consumo, trabalho e dinheiro'.De acordo com Lélia Longen Fontana, coordenadora editorial de Matemática da Conquista Solução Educacional, a orientação não é nova, uma vez que os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) já refletiam sobre a colaboração que a Matemática tem a oferecer com foco na formação da cidadania, de modo que os alunos fossem capazes de posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais. 'Nos últimos anos, o ensino de Matemática tem valorizado a resolução de problemas. A diferença agora é que a Base deixa claro que devemos envolver contextos relacionados à Educação Financeira em todas as escolas, públicas e privadas', expõe. Essas mudanças estipuladas pela BNCC já estão aprovadas e entrando em vigor para os alunos da Educação Infantil e Ensino Fundamental. Já para o Ensino Médio, Lélia explica que a Educação Financeira é importante, trabalhando também a compreensão do sistema monetário nacional e mundial, 'o que é essencial para uma inserção crítica e consciente no mundo atual'. Para ela, ensinar os alunos a lidar com o dinheiro é muito importante, principalmente porque eles podem ser agentes multiplicadores dessas discussões junto às suas famílias. 'As experiências vividas ao longo da infância e da adolescência influenciam na formação de aspectos relacionados à cidadania. A educação financeira está diretamente relacionada à construção da cidadania. Em tempos de consumismo desenfreado, é preciso desenvolver o senso crítico dos alunos em relação ao consumo. Além disso, discutir aspectos ligados ao desequilíbrio financeiro, à falta de planejamento, ao desemprego e seus efeitos nas famílias torna-se relevante. Portanto, educar sob o olhar da Educação Financeira é uma maneira de preparar crianças e jovens para o futuro, favorecendo sua formação cidadã e tornando-os capazes de estabelecer julgamentos, tomar suas próprias decisões e atuar de forma crítica em relação aos problemas colocados pela vida em sociedade', conclui. O Brasil encerrou o ano de 2018 com um aumento de 4,41% no número de consumidores com contas em atraso, na comparação com 2017. De acordo com dados do Indicador de Inadimplência da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), divulgados pela Agência Brasil, a estimativa é a de que o país fechou o último mês de dezembro com cerca de 62,6 milhões de brasileiros com alguma conta em atraso e com o CPF restrito para contratar crédito ou fazer compras parceladas. O número representa 41% da população adulta que reside no Brasil. Do ponto de vista do impacto da Educação Financeira na vida adulta, o consultor de investimentos da Inva Capital e professor de Pós-Graduação da Universidade Positivo, Raphael Cordeiro, lembra que passar conceitos financeiros para crianças e adolescentes leva a decisões mais acertadas no futuro. 'São algumas coisas simples do mundo financeiro que as pessoas precisam aprender. O mais básico seria o fluxo de caixa, diferenciar o que é entrada, o que é saída, diferenciar a entrada de um resgate de investimento, por exemplo, com a receita de um salário. Além de aprender o quão nocivo é pegar empréstimos caros e quanto sai, de fato, um empréstimo. Aprendendo o conceito de caixa e juros compostos, as pessoas já podem ter uma vida financeira um pouco melhor que a nossa realidade', argumenta.