Releases 30/06/2017 - 10:26

Dor crônica pode aumentar o risco de demência em idosos


São Paulo, SP--(DINO - 30 jun, 2017) - Idosos com dor persistente mostram declínio mais rápido da memória conforme envelhecem e são mais propensos a terem demência após alguns anos?uma indicação de que a dor crônica pode estar relacionada a alterações cerebrais, constataram os pesquisadores. De modo específico, quando a dor é intensa ou causa ruminação nos pacientes, pode desviar atenção o suficiente para interferir na consolidação da memória. Como resultado, estes adultos enfrentam mais dificuldade ao lidarem com a rotina diária, como a administração independente de suas medicações e finanças. Para esse estudo, publicado no JAMA Internal Medicine, a equipe analisou dados de 10 mil participantes, na faixa etária de 60 anos ou mais, durante um período de 12 anos. Os adultos de idade mais avançada que eram incomodados de modo persistente por uma dor de intensidade moderada ou forte mostraram diminuição da função de memória a uma velocidade 9,2% mais rápida em testes conduzidos após 10 anos. Estes achados apontaram novas formas de pensar sobre como proteger os idosos contra as agressões cognitivas do envelhecimento, segundo o médico Marcus Yu Bin Pai. "Os idosos precisam manter a cognição para permanecerem independentes", acrescenta ele. Um risco aumentado de demência poderia ser resultado do consumo aumentado de analgésicos, como os opiáceos, explicam os pesquisadores. Outra possibilidade é que a experiência dolorosa comprometa de algum modo a capacidade do cérebro de codificar memórias e outras funções cognitivas. Em adição, o estresse emocional de estar sentindo dor ativa vias hormonais do estresse no corpo que foram implicadas no declínio cognitivo. Segundo os autores, seja qual for o caso, o tratamento efetivo da dor pode conferir proteção à cognição. "O estudo pode ser útil para que a dor seja usada como marcador de risco aumentado de futuro declínio cognitivo, ainda que as bases biológicas desta associação sejam indeterminadas", observa o médico.