Releases 28/04/2016 - 14:42

Pesquisadores analisam as condições de trabalho no Brasil e no mundo


(DINO - 28 abr, 2016) - Desde a década de 1980, a discussão sobre o estatuto do mundo rural na contemporaneidade tem revelado novas possibilidades de leitura sobre as sociabilidades no campo. Esgotada a tese acerca da industrialização ou urbanização do mundo rural, o viés evolucionista intrínseco a tais abordagens cedeu espaço a uma multiplicidade de leituras sobre fenômenos cujas dinâmicas revelavam-se para além do então chamado mundo agrícola. Duas dimensões importantes de análise ? relativas ao trabalho e à questão ambiental ? vêm sustentando a disseminação de novos enfoques nos estudos rurais. Inscrito no debate sobre tais transformações, a coletânea Ruralidades, trabalho e meio ambiente: diálogos sobre sociabilidades rurais contemporâneas (236 páginas, R$ 38,00), organizada por Rodrigo Constante Martins, reúne textos que evidenciam a diversidade de olhares e interpretações produzidos por sociólogos brasileiros e estrangeiros sobre as ruralidades contemporâneas.

A questão da mobilidade do capital e do trabalho é o tema central que "costura" as diversas pesquisas apresentadas na obra Outras sociologias do trabalho: flexibilidades, emoções e mobilidades (357 páginas, R$ 48,00), organizada por Jacob Carlos Lima. São doze artigos produzidos por pesquisadores brasileiros e estrangeiros que estão agrupados em três temas: "Mobilidades", "Emoções, temporalidades e espacialidades" e "Transitorialidades". Em comum, buscam dar um novo significado à sociologia, voltada para o campo do trabalho, a partir da análise comparativa da situação em diversos países, como Brasil, Inglaterra, Canadá e Catar. Os autores discorrem sobre as fronteiras que se dissolvem no processo de globalização, em que as relações se tornam mais líquidas e dispersas. A ideia do não lugar, do transitório, manifesta-se na mobilidade permanente, temporal e geracional dos trabalhadores.

Inspirado nos últimos seminários de Michel Foucault, da década de setenta, e nas teorias de Gilles Deleuze e Félix Guattari, o filósofo italiano Maurizio Lazzarato busca em O governo das desigualdades: crítica da insegurança neoliberal (93 páginas, R$ 29,00) acompanhar os novos mecanismos de poder vigentes no contexto neoliberal. Mas não o faz apenas teoricamente. Parte da luta concreta dos trabalhadores intermitentes no setor de espetáculos, que até então gozavam de proteção social condizente com o caráter descontínuo de sua atividade. A partir do estudo dessa categoria aparentemente secundária, revela uma tendência crescente do próprio trabalho no capitalismo atual: a não distinção entre tempo de trabalho e tempo de lazer, a alternância entre trabalho e não trabalho, a precarização do emprego, o lugar da invenção e da criatividade, dentre outros aspectos.

Em Operários sem patrão (171 páginas, R$ 21,25), a socióloga Lorena Holzmann relata a transferência de comando de uma empresa capitalista para o cooperativismo. O objeto de estudo é a indústria Wallig, do Rio Grande do Sul, que vivenciou um declínio nos anos de 1981 a 1983. Para evitar o fechamento, os trabalhadores formaram duas cooperativas, uma de fundição e outra de mecânica, e alugaram as instalações da massa falida para prosseguir as operações da antiga empresa. A apresentação do livro foi escrita por Paul Singer.

Organizada por José Roberto Novaes e Francisco Alves, a obra Migrantes: trabalho e trabalhadores no Complexo Agroindustrial canavieiro (314 páginas, R$ 35,00) traz uma pluralidade de abordagens sem a pretensão de apresentar um esquema explicativo único e fechado. Este livro tem uma unidade: o entendimento de que o trabalho e o debate acerca de suas condições atuais e perspectivas futuras continuam tendo centralidade para a compreensão de toda a dinâmica social neste século que se inicia.

Já Velhos trabalhos, novos dias: modos atuais de inserções de antigas atividades laborais (402 páginas, R$ 30,00), organizado por Izabel Cristina Ferreira Borsoi e Rosemeire Aparecida Sopinho, aborda o Brasil pelo trabalho a partir dos contrastes e diversidades presentes no cotidiano dos trabalhadores brasileiros. Potencializados através de pesquisadores com as mais diversas formações e seus comprometimentos com suas realidades locais e regionais, esta obra também traz em seus capítulos as formas de assalariamento e a construção de relações autogestionárias, que também fazem o leitor pensar sobre as possibilidades e os limites de levarmos em conta, efetivamente, as pessoas no trabalho.

Publicada originalmente na Finlândia, Índice de capacidade para o trabalho (59 páginas, R$ 16,00), de autoria de Kaija Toumi, Juhani Ilmarinen, Antii Jahkola, Lea Katajarinne e Arto Tulkko, se configura como um instrumento utilizado em Serviços de Saúde Ocupacional e áreas afins. Pode ser utilizado, junto com exames clínicos de saúde, como um dos métodos de avaliação do próprio trabalhador ou trabalhadora sobre sua capacidade para o trabalho. Podendo ser aplicado desde o ingresso na força de trabalho, o ICT tem prognosticado, de forma confiável, mudanças na capacidade para o trabalho em diferentes grupos ocupacionais. Mostrou-se significativo para o Brasil em razão do acelerado envelhecimento da população e das consequências negativas observadas tanto na inserção quanto na manutenção e nas condições de saúde dos brasileiros com mais de 30 anos.

Analfabetismo, baixa autoestima, dificuldades de comunicação, ausência ou instabilidade de relacionamentos sociais, falta de repertório básico para o trabalho, problemas de locomoção, distúrbios físicos e de saúde, comportamentos aberrantes. São essas algumas das características que marcam pessoas com séria deficiência intelectual, quando se encerram os esforços acadêmicos e elas devem ser encaminhadas para o trabalho, por volta dos 14 aos 18 anos. Geralmente diagnosticadas tardiamente, enfrentam uma série de barreiras para ter acesso a serviços especializados durante a infância. A probabilidade de sua inclusão no mercado acaba, portanto, sendo baixíssima. Para ajudar a reverter esse quadro, os pesquisadores e doutores em Psicologia Giovana Escobal e Celso Goyos discorrem o assunto na obra Trabalho de indivíduos com atraso no desenvolvimento intelectual: contribuições da Análise do Comportamento Aplicada (ABA) e Processo de Tomada de Decisão (212 páginas, R$ 29,00). O livro trata da questão do trabalho de indivíduos com atraso intelectual, mas sob o ponto de vista da Análise do Comportamento. Mais especificamente, como as técnicas e os procedimentos desta abordagem podem ser aplicados para o entendimento dessa complexa questão e o encaminhamento de possíveis soluções.

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