São Paulo--(
DINO - 02 mar, 2016) - Uma inflação oficial de aproximadamente 10,61% em janeiro de 2016, um índice de desemprego atingiu 9% no primeiro trimestre deste ano (mais de 9,1 milhões de brasileiros desempregados, sem contar os subempregados), o PIB recuando junto com o consumo (situação inusitada, pois esperasse que um recuo do PIB leve a um recuo da inflação em locais bem administrados). Este é o quadro que o Brasil vive hoje. Em compensação muitos investimentos em renda fixa rendem mais de 1% ao mês, algo impensável em muitos países.
Tudo isso, junto, levaria a crer que todos que investiram na compra de imóveis no exterior, em especial nos EUA, fossem levados a vender estes imóveis em uma tentativa de realização de lucro (que é o dinheiro obtido entre a compra e a valorização do bem comprado no momento da venda, gerando uma margem de lucro positiva para o investidor). No entanto, com surpresa, observa-se o contrário. Apenas 12% do total de investidores optaram em vender seus bens adquiridos nos EUA a fim de reverterem em moeda nacional (reais). O motivo: "O risco Brasil ainda é um fator emocional mais forte do que a possibilidade de realização de lucro", explica Fernando Bergallo, Diretor da assessoria de câmbio FB Capital, empresa líder de mercado e responsável pelo envio de recursos para a compra de 1.453 imóveis desde 2012.
O experiente Diretor da assessoria de câmbio observa que há dois grupos distintos de compradores de imóveis. O primeiro é formado por compradores que visam o investimento; o segundo, por indivíduos que, em algum momento, no futuro ou no presente, cogitam sobre a possibilidade de se mudarem para os EUA por oferecerem qualidade de vida e possibilidade de prosperidade. Estes dois grupos vêm investindo em compras desde 2008 e, de lá para cá, o valor do metro quadrado do imóvel subiu, bem como o valor do dólar. Entretanto, 88% não se deixaram seduzir pela venda, pois o clima de instabilidade política e econômica levou-os a não se sentirem confortáveis com o retorno do capital para o Brasil.
É um mercado aquecido que leva investidores de várias idades e condições socioeconômicas a aplicarem suas economias em um país mais seguro e com uma moeda forte. "Este rebaixamento da nota é mais uma prova que o mundo não confia no Brasil. Não quero trocar a segurança do mercado norte-americano pela insegurança do mercado brasileiro", explica Jorge Maia, empresário e proprietário de imóvel nos EUA. "Hoje, percebemos uma mudança nos dois grupos de compradores, que se tornaram reféns da instabilidade econômica e política que o Brasil enfrenta, mas que não consideram a venda de seus imóveis nos EUA como uma forma de superar a crise brasileira", finaliza Bergallo.