São Paulo, SP--(
DINO - 11 jan, 2016) - O momento que vivemos é marcado pelo envelhecimento da população e pela adoção de hábitos de risco, como sedentarismo, tabagismo e alimentação pouco saudável. Como consequência, os casos de câncer tendem a aumentar. Esse aumento fica nítido na análise feita pela Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia - Abrale no Observatório de Oncologia, que mostra a partir dos dados do INCA que os casos de linfoma e leucemia aumentarão de 21.340, em 2015 para 23 mil, em 2016.
O tratamento do câncer está cada vez mais inovador e as tecnologias atuais prometem ao paciente uma sobrevida, com qualidade, muito melhore do que se tinha há 10 anos. Mas, para que fosse possível chegar nesses avanços no tratamento, muito foi investido em pesquisa para descobrir essas novas tecnologias, que hoje estão disponíveis ao paciente por preços altíssimos. Ou seja: teremos mais pacientes com câncer precisando de medicamentos cada vez mais caros, o que irá onerar e muito um sistema que já possui muitas falhas de financiamento e gestão.
Em 2015, com a aprovação do orçamento impositivo, o repasse para a saúde, que em 2014 foi de 14,38%, reduziu para 13,2%. Neste segundo semestre, sentimos essa diminuição da verba com o aumento de pacientes procurando a Abrale por não terem acesso ao mínimo do que deveriam ter direito nos hospitais, como agulhas e algodão para aplicação de procedimentos. Para 2016, a redução de recursos poderá superar R$ 9 bilhões.
Apesar do corte no orçamento da saúde, o brasileiro paga cada vez mais impostos. E a pergunta que fica é: para onde está indo esse dinheiro, muito bem pago pela população para ter acesso à saúde, educação, segurança?
Sabemos que a propaganda no Brasil movimenta mais dinheiro do que o orçamento do Ministério da Saúde. O governo federal deixa de aplicar 17 bilhões na saúde, mas gasta 16 bilhões em publicidade. Apesar de o governo não divulgar de forma transparente esses dados, em 2013 a AMB (Associação Médica Brasileira) enviou um mandado de segurança para que esses números fossem fornecidos.
Para nós da Abrale, que acompanhamos diariamente o caos vivido pelos pacientes, esses números revoltam. O que estamos fazendo para melhorar o acesso do paciente ao tratamento dentro do tempo que isso deveria acontecer é monitorar os gastos e ações do governo, por meio do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer. Esse movimento foi criado pela Abrale e hoje une mais de 80 entidades da oncologia, entre elas associações de pacientes, sociedades médicas, centros de tratamento, empresas e mídia.
Os desafios são imensos, mas juntos poderemos mudar esse cenário e garantir que o brasileiro receba de fato o que lhe é de direito.
Website:
http://www.abrale.org.br