Releases 02/09/2016 - 23:15

O silêncio na comunicação: mocinho ou vilão?


Goiânia, GO--(DINO - 30 ago, 2016) - Em uma discussão entre duas pessoas, vence quem fala mais alto ou quem fala melhor e se resguarda preferindo ficar calado quando os ânimos se exaltam?

Inúmeros são os ditados populares que nos instigam a refletir sobre a pergunta acima e, ainda maior, é a divergência de opiniões quando o assunto é este. Há quem enxergue o silêncio como consentimento, outros discordam em número, gênero e grau e apostam nele para não se perder em sua comunicação.

A verdade é que os excessos nunca foram aliados à boa comunicação. Expor seu ponto de vista sobre determinado assunto, dar opiniões lógicas e com bom embasamento, garante que a discussão seja saudável se o outro também estiver alinhado às mesmas práticas. Contudo, pouquíssimas vezes é possível encontrarmos pessoas capazes de manterem discussões civilizadas.

Para nós, brasileiros, habituados a falar demais, alto e "cheios da razão", abrir mão de nosso ponto de vista e aceitar que o outro pode estar certo é um exercício que chega a ferir os costumes da sociedade autoritária e que "vence no grito", na qual estamos inseridos. Neste momento, tendemos a agarrar em nosso pior vício e explorar esses costumes a fim de "vencer" a discussão. Mas será mesmo que vencemos?

A famosa metáfora de que "o peixe morre pela boca" deveria ser mais levada a sério e empregada com frequência, mesmo como um lembrete para que saibamos o momento de recuar e nos blindarmos de situações ruins.

Imagine-se em um ambiente de trabalho, onde todos têm suas opiniões e crenças, construídas a partir da cultura individual de cada um e, ao expor seus pensamentos, você entra em choque com um colega que pensa completamente diferente de você. A situação é comum e quase que rotineira. Neste momento, quem vence? Você ou ele? Quem assume o papel do indivíduo que "parte para a briga" e quem é que "foge" dela?

Não só no mundo dos negócios, mas nas relações interpessoais, é importante darmos voz ao outro e deixarmos que ele exponha seu ponto de vista até se esgotar. Quando for sua vez, não desmereça a atitude, os pensamentos e posicionamentos dele. Fale pausadamente, sem se exaltar e mantenha os gestos alinhados, sem perder a compostura. Uma boa oratória fará a diferença neste momento para que você possa ser ouvido, sem precisar gritar, e saber se calar, quando o outro não souber escutar.

Oscar Wilde, o famoso escritor britânico, outrora escreveu uma frase que faz muito sentido sobre o valor do silêncio: "Se soubéssemos quantas e quantas vezes as nossas palavras são mal interpretadas, haveria muito mais silêncio no mundo".

A frase serve de reflexão para, antes de entrarmos em uma discussão ideológica, de trabalho, ou mesmo, de opinião, estejamos cientes de que nem sempre o que dissermos será bem compreendido e, por isso, saber quando devemos ficar calado é uma virtude que só nos soma e que só é alcançada a partir de muito treinamento. Afinal, a comunicação também está no silêncio.

Existem milhões de assuntos interessantes para serem explorados. Experiências, viagens, comidas, lazer, para quê focar suas energias em assuntos que só trarão desgaste emocional e que poderão, inclusive, te fazer pecar pelo excesso?

Na "briga" entre "mocinhos" e "vilões", vence quem souber usar o silêncio a seu favor. Pois muitos são os que se arrependem pelo que dizem e como dizem em momentos de fúria. Poucos são os que sofrem punição por ter se mantido calado.

Um dia você ainda vai agradecer por usar o silêncio na hora certa.

Tathiane Deândhela é especialista em Gestão do Tempo. Publicou recentemente a 2ª edição do livro "Faça o Tempo Trabalhar para Você". É palestrante, mestre em liderança pela Universidade de Atlanta, fundadora do Instituto Deândhela, empresa especializada em treinamentos executivos de alta performance nas áreas de gestão do tempo, negociação com metodologia aprendida em Harvard, atendimento com metodologia aprendida na Disney e oratória.
Website: http://institutodeandhela.com.br/