Releases 15/07/2015 - 20:29

Será que a desvalorização do yuan afetaria o mercado brasileiro? Veja o panorama da crise chinesa com comentários de Ricardo Tosto.


(DINO - 15 jul, 2015) - Especula-se que a correção nos mercados acionários da China seja proveniente de uma reação maior a desaceleração do país. Com o risco da desvalorização monetária, o Brasil e outros exportadores de commodities sofreriam diretamente o efeito dos preços praticados, explica Ricardo Tosto .
A grande preocupação com esse baque é a interferência nas atividades econômicas mundiais, podendo acarretar em redução de lucros empresariais e possíveis falências. O estrategista global Thierry Wizman, diz que mesmo com as medidas de incentivo a liquidez, não foi possível atingir o crescimento econômico esperado. Para o estrategista Marcelo Ribeiro, grande parte dos estímulos monetários fornecidos pelo governo destinados à produção foi utilizada para especulação em bolsas, gerando para muitas empresas mais lucros com as ações do que com as próprias operações.

Segundo o especialista em direito bancário e marcados de capitais, Flávio Maldonado, apesar dessa forte correção de preços nos mercados chineses, é difícil precisar a existência e os riscos reais do estouro de uma bolha. Wizman declara que mesmo considerando a restrição do país em relação à participação de investidores estrangeiros nos mercados de renda
variável, supõe-se que a atual movimentação do mercado chinês pode impactar outras regiões, afetando o crescimento econômico.
A comparação anual realizada apresenta queda real nas exportações chinesas, dando espaço à competitividade dos produtos europeus. Entretanto, a valorização do dólar americano possibilitou a ascensão do yuan, devido ao atrelamento de ambas moedas. Na opinião de Ribeiro, a redução na exportação é um forte incentivo para desvalorização da moeda, possibilitando uma grande crise no setor de commodities. Com a redução do poder de compra dos chineses as exportações dos insumos seriam prejudicadas. Alguns executivos e especialistas no assunto afirmam que o Brasil sofreria diretamente os impactos do estouro da bolha, devido ao mercado elevado de commodities exportadas pelo país. De acordo com Ribeiro, o Brasil já está sentindo o efeito da queda nos preços de algumas importantes commodities.

Ricardo Tosto complementa que dados apontam que desde meados de junho, os mercados acionários tiveram queda aproximada de 30%. Em comparação ao mesmo período de 2014, as bolsas encontram-se acima dos níveis apresentados, e com as empresas participantes do mercado de ações representando somente um terço do PIB chinês. Isto é, mesmo com toda crise, o baque das bolsas dificilmente afetariam o consumo interno, diz Ricardo Tosto.
Um dos motivos das correções atuais também está relacionado às novas regras impostas por algumas corretoras, obrigando muitos acionistas a vender suas ações para honrar as exigências estabelecidas. Na tentativa de amenizar a situação, as grandes corretoras chinesas e o banco central, divulgaram um pacote de 120 bilhões para compra de ações, e o estabelecimento de meta de elevação do índice Shanghai Composite para
4.500 pontos. Ricardo Tosto afirma que o adiamento de ofertas públicas e as suspensões de negociações também tem feito parte deste cenário atual. Grande parte das interrupções ocorreu em Shenzhen, principalmente através de ações das small caps. A fatia do mercado acionário de investidores de pequenas empresas, representa cerca de 85% no país. Ou seja, essas paralisações nas negociações acionárias influenciam diretamente no aumento da volatilidade do mercado.