São Paulo (SP)--(
DINO - 24 out, 2018) - Um dos principais elos no sistema de gestão de resíduos é o cidadão, destaca o mais recente levantamento da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), referente a 2017, cujos resultados foram apresentados para o setor durante o "Seminário: Modelos de Remuneração dos Serviços de Limpeza Urbana", em São Paulo. A quantidade de resíduos sólidos urbanos gerados cresceu, atingindo 78,4 milhões de toneladas em 2017 - 1% a mais que em 2016. Apesar de 98% das duas mil pessoas pesquisadas pela associação afirmarem que meio ambiente e gestão de resíduos sólidos é muito importante para suas vidas, 75% revelaram não separar resíduos em casa, diz Carlos RV Silva Filho, diretor presidente da Abrelpe. Para buscar soluções neste sentido e estimular a implantação de modelos de gestão eficazes, especialistas do Brasil, Colômbia e Suécia estiveram presentes para apresentar cases de modelos implantados com sucesso fora do país. O brasileiro Rodrigo Oliveira, presidente da empresa de engenharia FRAL Consultoria, especializada em projetos de resíduos sólidos, apresentou o resultado de seu estudo nos Estados Unidos sobre o programa Pay As You Throw (PAYT) - traduzido no Brasil para Responsabilidade Proporcional ao Descarte (RPD) - principal programa de precificação unitária em que o serviço de limpeza urbana é pago conforme o uso, assim como já ocorre com energia, água e esgoto. O método visa conceber equidade no pagamento, substituindo a taxa fixa atualmente cobrada no Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU), independentemente da quantidade de resíduos gerada. Isso além de injusto também é irrisório frente aos gastos que o município tem com este tipo de serviço, diz Rodrigo, pelo fato de não diferenciar os pagamentos proporcionalmente ao que cada um gera de resíduos. "Para reverter este cenário, a proposta é retirar a cobrança do IPTU e implantar o sistema de cobrança individual, por meio de sacos de lixo oficiais, nos quais já estarão embutidos os custos com coleta, tratamento e destinação dos resíduos. Esta cobrança naturalmente faz com que as pessoas se preocupem com a quantidade de lixo gerada", explica o presidente da FRAL Consultoria "Isso faz com que se busque formas de gastar menos com o serviço, separando o lixo reciclável e desenvolvendo a compostagem". O PAYT/RPD já existe há quase quatro décadas nos Estados Unidos, sendo adotado em mais de 9.000 municípios, tendo resultados expressivos como o aumento de cerca de 150% em reciclagem e a redução média de 44% na geração de resíduos. Na Colômbia, onde o sistema foi adotado recentemente para estimular o reaproveitamento, a gestão é economicamente sustentável e, em grande parte das cidades, os custos são 100% cobertos, afirma a especialista Magda Carolina Correal. Lá, é adotado um sistema de tarifas fixas e variáveis, com base em um cálculo complexo, que também leva em consideração o bairro e histórico de cada residência. Klas Svensson, da Agência Sueca de Proteção Ambiental, por sua vez, ressalta que o modelo sueco de gestão de lixo é referência em todo o mundo, uma vez que 99% do material é reciclado. Também com medidas de incentivo econômico para o reaproveitamento e taxas consideradas justas, que variam com a quantidade gerada, hábitos, tipo de residência e região. Aqueles que separam o lixo pagam menos taxas, que, ainda assim, custeiam 100% do valor necessário para a coleta, destinação e tratamento. "Quem não separa, paga mais, subsidiando o outro que o fez corretamente", diz.Sobre a FRAL Consultoria Ltda.A FRAL Consultoria foi fundada em 1999 pelo Engenheiro Civil e mestre em geotecnia, Francisco José Pereira de Oliveira. Atualmente, é presidida pelo Mestre em Sustentabilidade, Rodrigo Oliveira, e atua no desenvolvimento de projetos nas áreas de Engenharia Civil e Meio Ambiente. A empresa de engenharia é especializada projetos ambientais com foco em resíduos sólidos, recursos hídricos e geotecnia.