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DINO - 15 set, 2015) - As práticas de gestão tradicionais da maioria das organizações sufocam o empreendedorismo porque privilegiam a previsibilidade e a entrega de resultados, e cultuam a aversão ao risco. A opinião é do economista Arie Halpern, diretor da Gauzy Technology, uma empresa israelense que ressignificou o conceito de transparência em janelas e outras aplicações com o chamado vidro inteligente, eleito uma das 10 tecnologias futuristas de Israel, pelo NoCamels.com (
http://nocamels.com/). "A cultura de centrar esforços na atividade existente é necessária, mas a criação de um ambiente em que a experimentação prospere é condição para a sustentabilidade do negócio", diz Halpern, em cuja trajetória profissional de 50 anos consta a liderança de alguns projetos de tecnologia disruptiva.
Assumir a inovação como parte da estratégia do negócio, estudar o mercado, planejar e administrar riscos, eis a fórmula para aumentar as chances de uma boa ideia resultar num negócio sustentável. Ainda assim, diz ele, é preciso encarar que mesmo essas tecnologias estão sujeitas a rápidas mudanças em função da globalização e da velocidade da informação, sendo, portanto, muito difícil prever e garantir seu sucesso. Na sua avaliação, há sete pecados capitais relacionados à tecnologia disruptiva que precisam ser evitados para aumentar as chances de um projeto inovador não fracassar.
1) Excesso de otimismo -- Analise friamente a viabilidade técnica, econômica e financeira do investimento; só tire o projeto do papel se tiver convicção de que o mercado para o qual seu produto ou serviço se destina está em crescimento ou é promissor. Avalie o tempo de adoção do produto ou serviço e, principalmente, leve em consideração quem estaria pronto e disposto a comprá-lo ou contratá-lo.
2) Invenção sem aplicação -- Certifique-se de que a tecnologia seja aplicável no mundo real. Essa nem sempre é a preocupação do cientista ou do inventor. Por isso, muitas vezes é fundamental o papel desempenhado por um especialista em marketing, que é quem pode ajudar a transformar a nova tecnologia em produto ou serviço; ou descobrir onde estão os consumidores que ainda nem sabem que precisam daquela tecnologia; ou indicar os ajustes para que esses consumidores se disponham a experimentar o novo.
3) Entregar a ideia de bandeja -- É importante avaliar se a novidade pode ou não ser copiada com facilidade. Se o custo de replicá-la for muito baixo, o negócio não tem futuro, morre antes de existir. Para que o investimento e o esforço valham a pena, o ticket de entrada tem de ser alto para quem quiser disputar o mesmo espaço.
4) Desconsiderar o retorno ao investidor -- Analise as perspectivas de retorno do investimento, tendo em conta o tempo necessário para que a tecnologia ou inovação seja adotada. Em outros termos, não basta estar de posse de uma ideia genial, se não for possível fazer com que ela gere resultados antes que os investidores quebrem. Sem isso, a inovação, por mais que seja disruptiva, é só charme.
5) Relegar o lançamento a segundo plano ? A falta de um bom programa de lançamento pode ser mortal para o projeto, principalmente se os recursos disponíveis não foram considerados adequadamente.
6) Pensar que a genialidade basta -- Sem capital de giro, nenhum negócio sobrevive, nem mesmo os disruptivos. Achar que as primeiras vendas podem sustentar a saúde financeira de uma empresa é ilusão; não caia nessa armadilha.
7) Enxugar demais a força de trabalho -- Não investir num bom time de colaboradores, em controle de qualidade e bom atendimento é morte na certa para qualquer tecnologia, por mais disruptiva que seja.