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DINO - 22 dez, 2015) - No final de novembro, o grupo J&F anunciou a compra do controle acionário da marca Alpargatas, a qual é responsável pela fabricação das sandálias Havaianas. O negócio, que custou cerca de R$ 2,6 bilhões, foi fechado com a Camargo Côrrea, que desde o mês de outubro já demonstrava interesse em vender a sua parte na Alpargatas devido as dificuldades financeiras enfrentadas pela empresa após as Operações Lava Jato da Polícia Federal.
Segundo reporta o especialista econômico
Ricardo Tosto, essa aquisição da Alpargatas pelo grupo J&F foi uma notícia positiva para o mercado brasileiro, principalmente em razão da importância comercial das marcas da Alpargatas e da grande força que havia na concorrência das empresas que estavam na disputa. Entre os interessados no negócio, por exemplo, estavam os fundos Carlyle e KKR, e as empresas Tarpon e Península, que planejam uma
parceria para adquirir as ações da Alpargatas.
Para a Alpagartas, essa mudança de gestão do seu controle acionário também pode ter sido uma alternativa favorável, caso o grupo J&B consiga acelerar o processo de internacionalização da empresa. De acordo com Ricardo Tosto, "A J&F possui meios de proporcionar uma grande visibilidade em âmbito internacional à Alpargatas, principalmente pelo fato de ser um grupo bem relacionado no exterior. Para conseguir isso, é importante pensar em como melhorar a distribuição dos produtos, algo que não estava sendo bem planejado pela Camargo Corrêa".
A J&F Investimentos é controlada pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, que também são donos da JBS, uma das maiores indústrias de alimento do mundo. Essa
experiência internacional do grupo pode ser um novo diferencial para a Alpargatas, que há vários anos já demonstra um grande
potencial de crescimento, principalmente através de sua principal marca, as Havaianas.
Ainda segundo a análise de Ricardo Tosto, as Havaianas possuem uma força impressionante entre diferentes camadas da população brasileira, pois a estratégia do produto foi começar como um calçado popular que, aos poucos, foi sendo transformado em um item da moda. No exterior, a marca também pode crescer bastante apoiando-se no fato de ser um calçado tipicamente brasileiro, com um estilo que combina com o verão e o clima tropical.
Nos últimos meses, antes de ser vendida de fato para o grupo J&F, a Alpargatas já estava passando por um processo de reformulação interna, que visava exatamente reestruturar as empresas que fazem parte do grupo, com o objetivo de torná-lo mais lucrativo e rentável internacionalmente. Para isso, por exemplo, foram vendidas as marcas de calçados Topper e Rainha por preços que se aproximam da casa dos 50 milhões de reais, para grupos de investidores liderados pelo empresário Carlos Wizard.
Com essa estratégia, os executivos da Alpargatas tinham em mente driblar os efeitos da desacelaração econômica brasileira e tentar fazer com que o conglomerado permaneça conquistando bons resultados no varejo nacional para, posteriormente, expandir-se ainda mais pelos
outros países. Até o momento, as vendas internacionais continuam satisfatórias, sendo esta mais uma razão pela qual a empresa necessita de investimentos e uma logística inteligente para continuar crescendo e se estabilizar no mercado internacional.