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DINO - 11 set, 2015) - Crises vêm e vão, e fugir nunca é a saída. Quando um problema aparece, seja de qual tamanho for, é importante ter conhecimento para entender o que está acontecendo e jogo de cintura para encontrar a melhor solução. Com períodos de crise também não é diferente. Não adianta colocar a culpa no país, o importante é entender os motivos que nos levam a ela e como diferenciá-la para tomar decisões mais adequadas para os negócios.
Segundo o Dr. Gilberto Abrahão Junior, advogado especialista em direito empresarial e estruturação de empresas, a crise se divide em três fases: crise leve, moderada e severa.
? Crise leve é quando a empresa já começa a ter dificuldade de recolher seus tributos e ser dependente de capital de terceiros, no início bancos, depois factoring, deixando parte de sua lucratividade com estas instituições. Toda capitalização de recurso financeiro que não esteja vinculado ao crescimento da empresa é sintoma de crise, ainda uma crise leve, mas certamente já há um desequilíbrio da empresa ainda não percebido e muito menos identificado pelo empresário. Esta é a melhor fase para reestruturar uma empresa, o diagnóstico é rápido e a medidas de reestruturação são simples, sem dor.
? Crise moderada, onde a empresa além de não conseguir mais recolher seus tributos, passa a ter dificuldade de quitar os empréstimos bancários e os fornecedores, nesta fase a empresa ainda realiza estes pagamentos, entretanto, com dificuldade e muitas vezes com atrasos.
"Em geral, nessas duas primeiras fases o empresário imagina que o caminho para resolver a instabilidade é aumentar suas vendas, erro muito comum, porque num mercado competitivo ninguém consegue ganhar fatia do mercado sem oferecer descontos, melhores condições que o concorrente, inclusive de prazo de pagamento, ou fazer investimento na área comercial, e neste último caso capitaliza-se com dinheiro a juros, vez que em geral não possui caixa que poderia ser investido.Essa estratégia de tentativa de aumento nas vendas acelera a quebra da empresa, com a elevação do endividamento e do ponto de equilíbrio, o que dificulta ainda mais reequilibrar as finanças da empresa", explica o Dr. Abrahão.
? Crise Severa ou pré-falência é o ultimo estágio da crise, onde a empresa já não recolhe seus tributos há algum tempo, não quita as parcelas dos empréstimos bancários, não consegue pagar os fornecedores e, em alguns casos, já realizou negociações com estes fornecedores, mas não consegue cumprir. Contas como água, luz e telefone são pagas com mais de trinta dias de mora, e já começa a atrasar salários. Neste estágio, a crise financeira já contaminou vários setores e é comum que os funcionários estejam insatisfeitos, muitos pedindo para a empresa dispensá-los, pois a operação produtiva já não flui, há muitos atrasos de entregas dos produtos vendidos, reclamações e perda de clientes, os prestadores de serviços já não dão a atenção devida para a empresa, vez que a maior parte deles tem créditos vencidos e não pagos pela empresa, o empresário não consegue tomar decisões, vez que o estresse de todos estes problemas já o consome emocionalmente, os próprios sócios já estão insatisfeito(s) um(s) com o(s) outro(s), etc...
"Infelizmente, algumas empresas só percebem que de fato estão numa crise nesta fase, quando ela é já severa. Já fomos contratados por empresas que já estavam trabalhando no prejuízo há mais de 5 anos, apenas aumentando o seu endividamento, refinanciando débitos bancários, e imaginando que simplesmente vendendo mais resolveriam seus problemas, e isto esta longe de ser uma verdade", alerta.
Em qualquer uma das fases é possível realizar uma reestruturação da empresa, "inicialmente é importante identificar os sintomas e avaliar em qual fase da crise a empresa se encontra, em seguida é necessário inventariá-la e entrevistar pessoas chaves da gestão, diagnosticando onde estão as causas da crise. Com os dados, sugiro montar um plano de reestruturação com prazo para cada uma das ações", finaliza.