São Paulo, SP--(
DINO - 30 abr, 2018) - Os dados estão em ebulição. Quem nunca ficou abismado nas redes sociais com pesquisas curiosas ou absurdas, quebrando certos mitos ou até criando outros. Estudos e pesquisas são prato cheio para empresas de jornalismo que desejam oferecer para o leitor fatos cotidianos atualizados por uma visão de mundo pautada pelos seus próprios moradores. E aí entra o jornalismo de dados, uma forte tendência que tem ganhado força na missão de usar as informações de maneira inteligente e noticiosa.
Nosso blog analisa esse assunto, mostrando o que é e o seu impacto no setor da comunicação.
Quando nasceu o jornalismo de dados? A resposta dessa pergunta pode parecer óbvia, mas esse conceito nasceu logo no surgimento dos dados. Isso porque dados sempre foram um grande apoio dos veículos jornalísticos.
Os primeiros casos notáveis de jornalismo x dados foram:
- Em 1858, foram noticiados gráficos e relatórios das condições enfrentadas pelos soldados britânicos, de Florence Nightingale;
- Porém, em 1821, a primeira edição do The Guardian foi uma cobertura jornalística dominada por uma tabela (gigantesca) de todas as escolas em Manchester, seus custos e capacidade de alunos.
- No verão de 1832, em Nova York, a cólera matou 3.000 habitantes (
https://goo.gl/gSbp2k) em poucas semanas. Em 1849, mais de 5.000 mortes (
https://goo.gl/Zam8Bk) puderam ser atribuídas à cólera, que se tornou uma epidemia. No mesmo ano, o jornal New York Tribune publicou um gráfico comparando as mortes semanais causadas pela cólera (
https://goo.gl/6W1fRC) com o total de mortes naquele ano, afim de mostrar que as mortes por cólera começaram a crescer mais que no primeiro surto.
Nos primórdios, os dados eram publicados em livros e tinham uma acessibilidade um tanto limitada. As informações, chamadas de "diagrama", até lembravam os gráficos de hoje, no entanto, estavam longe de possuir a praticidade das tabelas e arquivos que podem ser abertos em computadores, oferecendo interatividade e edição.
Por causa dessa evolução tecnológica e a diversidade de pesquisas e estudos sendo realizados todos os dias, o jornalismo tem uma ótima oportunidade não somente de republicar esses dados como extrair deles informações preciosas que podem ter desdobramentos ou ainda mais aprofundamento.
WikiLeaks e o vazamento de dados
O ano era 2006 quando o mundo viu uma enorme quantidade de dados confidenciais vindo à tona de maneira progressiva. Para o terror de governos e grandes corporações, não importa a nacionalidade, a WikiLeaks surgiu como uma organização transnacional sem fins lucrativos, com sede na Suécia, na intenção de divulgar informações e documentos de cunho confidencial sobre questões de interesse geral.
Divulgando informações criptografadas (na intenção de dificultar o rastreamento) a WikiLeaks apresentou uma série de documentos importantes, e constrangedores para governos de muitos países, principalmente para o governo dos EUA. Entre eles:
- Divulgaram as instruções de como eram tratados os prisioneiros da base norte-americana de Guantánamo, em Cuba;
- Um vídeo que mostra um helicóptero americano alvejando repórteres estrangeiros que cobriam a Guerra do Iraque;
- Inúmeros documentos acerca das operações militares dos EUA no Afeganistão e no Iraque, nos quais há relatos de torturas e de ataques a alvos civis.
A imprensa do mundo inteiro se viu diante de milhares de dados para serem noticiados. Naquele momento, o homem na frente da WikiLeaks, Julian Assange, foi tratado como personagem principal dessa bombástica história. Todavia, aos poucos, a plataforma foi se transformando em uma fonte de credibilidade que pauta os principais veículos jornalísticos no mundo.
Dados como previsão
Os dados também começaram a ganhar uma importância como fonte para previsões. Em 1952, a matemática da Marinha norte-americana Grace Murray Hopper e uma equipe de programadores usaram dados estatísticos de eleições anteriores para prever a vitória de Eisenhower (
https://goo.gl/kfrWya) por um ponto percentual.
No século seguinte, os dados são usados com grande expectativa na intenção de prever vencedores de eleições ou decisões populares como o Brexit. Nate Silver, fundador da FiveThirtyEight, por exemplo, previu com precisão os resultados em 49 dos 50 estados, durante a primeira candidatura de Obama (
https://goo.gl/hHuDYX).
Dados e as notícias
A evolução na maneira de fazer gráficos e propagação das pesquisas foi consequência do interesse das pessoas por relatórios cada vez mais completos e detalhados sobre assuntos de grande interesse público. No entanto, os dados também serviram para contextualizar elementos que fazem parte do cotidiano das pessoas, porém, necessitam de detalhes técnicos que ajudam na sua percepção a cada período. Temas como segurança, economia, saúde e educação são assuntos sempre em pauta e impulsionados quando há uma atualização de dados.
Mas não são todos que conseguem visualizar e extrair dos dados informações que são altamente relevantes e podem esconder informações de grande relevância. Por isso, as oportunidades com o jornalismo de dados são enormes.
Além disso, a progressão dos dados liberados é assustadora. Por exemplo, há 391.000 registros sobre o Iraque no Wikileaks. Analisar esses dados e narrar uma boa história é uma missão árdua, mas recompensadora, principalmente quando o assunto é de extrema importância para a sociedade.
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Com informações: Knight Center, Tutano Trampos, Opinion Box, Click e Aprenda
Por Ivan Monteiro
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