Fortaleza, CE--(
DINO - 02 mai, 2017) - Em Fortaleza, o seu Bonfim, de 81 anos, é um conhecido artista da ourivesaria, tendo começado a consertar peças ainda na infância e a produzir joias e ornamentos artesanalmente a partir da adolescência. A paixão pela arte é tanta que foi transmitida para a neta, Bruna Bortolotti. Sempre acompanhando o trabalho do avô, a estudante de arquitetura de 23 anos enveredou pela ourivesaria "oficialmente" aos 18 anos e lança agora sua segunda coleção de joias artesanais.Na próxima quarta-feira (3), Bruna Bortolotti apresenta as peças de "Sagitário", nome escolhido para a coleção, dedicada ao avô, seu Bonfim, um mestre no ofício. Bruna e Bonfim estarão juntos no lançamento, a ser realizado em Fortaleza (CE), às 19 horas, na Sem Título Arte , um espaço de experimentação de arte contemporânea. Na ocasião, avô e neta farão uma desmontagem do processo de criação e produção das joias, numa conversa sobre ourivesaria. O evento é aberto ao público.A coleção "Sagitário" é composta por 15 peças, entre pingentes, brincos e anéis. Para a produção da coleção, Bruna Bortolotti utilizou prata 950, trabalhadas do linguote de prata até a finalização pela ourives. As peças também podem ser feitas em ouro, sob encomenda. O valor das peças varia entre R$ 160 e R$ 300 e podem ser adquiridas na loja online
www.bortolotti.art.br ou no Instagram @bortolotti.art. A marca também conta com representação em São Paulo. A respeito da escolha do avô como inspiração para criar e dedicar a coleção "Sagitário", Bruna justifica: "Bomfim é sagitariano. Nunca envelhece. Metade homem, metade cavalo; atravessa a vida com um entusiasmo capaz de tirar o fôlego dos meus vinte e poucos anos. Estar entusiasmado é ter um "deus em si". Suas flechas estão sempre apontadas para um porvir, um futuro que não tem medo de abraçar, de experimentar. Entre os signos de fogo, Sagitário é brasa, um signo de sábios. Ao seu Bomfim eu dedico esta nova série de peças. Não é exatamente uma referência literal ao signo, nem ao que vejo dele no meu avô. São atravessamentos do percurso que a flecha faz até chegar ao alvo".E completa: "um caminho nem tão preciso assim, um alvo até desimportante. São pequenos vestígios dessa relação amorosa que vou reunindo para o trabalho. Numa viagem ao interior da Bahia descobri Oxóssi, o orixá do arco e da flecha de prata, correspondente a Sagitário. Sagitário, a coleção, é feita de abstrações dessas conexões todas, nela mantenho meu gosto pela sutileza, pelo descarte do supérfluo, um repertório estético e plástico que adquiri no estudo da arquitetura e na prática da oficina. Vejo a coleção como um conjunto de pequenas esculturas com vida própria".A arte que vem do berçoCom apenas 18 anos, Bruna Bortolotti, hoje com 23 anos, descobriu na família a ourivesaria. O avô, Seu Bomfim, de 81 anos, trabalhou como vendedor de joias e avaliador de penhor, quando aprendeu ainda mais sobre os metais preciosos. Foi ele a principal referência da jovem, que decidiu se dedicar à profissão de ourives e hoje assina a marca Bortolotti. "Ele começou vendendo relógios no Centro e, logo em seguida, joias, mas não eram peças autorais. Naquela época não se valorizava o design e sim o metal em si. Minha família sempre teve as joias que ele fazia e cresci ouvindo essas histórias".Por meio do curso de Arquitetura, na universidade, criou o hábito de desenhar constantemente. "Só que no curso a gente não tem a oportunidade de construir um projeto até o final, vê-lo se concretizar. Eu vi na ourivesaria a oportunidade de participar de todas as etapas da construção de uma peça. Meu processo criativo é livre, até hoje é assim. Sempre estou com o caderno, nas aulas, em qualquer lugar. Eu não sou de jeito nenhum metódica".Com as criações no papel, a cearense vai até o ateliê que divide com o avô, um inventor nato. No local, é possível encontrar máquinas adaptadas pelo senhor para a ourivesaria e que facilitam o trabalho da dupla. "Muita coisa eu vou descobrindo e modificando à medida que executo. Muitas vezes faço somente um esboço, nada detalhado. Se eu desse pra outra pessoa, ela provavelmente não conseguiria executar".Para começar a criar suas próprias peças, Bruna viajou para São Paulo para fazer um curso, onde aprendeu o básico. "Quando eu voltei pra casa, contei pro meu avô e a gente arrumou o espaço para eu trabalhar com ele, que vai me ensinando no dia a dia o que eu preciso".A principal vitrine da marca é o Instagram (@bortolotti.art), já que o processo de venda acontece na rede social. Foi através do perfil, aliás, que ela recebeu o convite de Iury Costa para assinar joias da coleção do estilista desfiladas no Dragão Fashion Brasil. Bruna, por enquanto, não consegue lançar coleções em intervalos de tempo certos, devido à rotina atarefada.O material mais utilizado pela ourives é a prata, pela facilidade de comprar e devido ao preço acessível. "Eu faço peças de ouro sob encomenda, porque tem um retorno maior. Também trabalho com cerâmica. É uma grande vantagem eu trabalhar com o meu avô, porque eu não dependo da oficina de ninguém. O que eu pensar em fazer, ou dou um jeito ou ele me ajuda na ideia. Ele inventa uma solda ou um maçarico para aquilo. É uma profissão que vem da família. Meu avô fez isso a vida toda e agora eu achei uma forma de dá continuidade ao trabalho dele. O processo é todo artesanal, inclusive porque as máquinas foram feitas por ele".As peças da Bortolotti Art variam entre R$ 100 e R$ 200. "Tem algumas peças que eu faço e nem coloco para vender. Essas são as mais especiais e as primeiras que eu fiz também. Quero continuar tendo, no futuro, uma tiragem pequena, pois a ideia é me concentrar em produzir peças com qualidade e não com a quantidade".Serviço:LANÇAMENTO DA COLEÇÃO "SAGITÁRIO"Nova série de joias de Bruna Bortolotti - Conversa com o púbico entre a artista e seu avô, BonfimData e horário: 3 de maio (quarta-feira), às 19 horasLocal: Sem Título Arte (Rua João Carvalho, 66 - Aldeota) ? Fortaleza - CE Aberto ao público