Releases 14/04/2017 - 19:06

Decisões de Donald Trump impactam a Amazônia


São Paulo, SP. --(DINO - 12 abr, 2017) - Desde sua posse, em 20 de janeiro, o republicano Donald Trump tem feito de tudo na agenda climática. Dentre seus atos mais célebres, estão a nomeação de um ex-aliado da indústria do petróleo para dirigir a Agência Nacional de Proteção Ambiental (EPA), a aprovação da construção de um oleoduto que partirá ao meio uma reserva indígena e o Rio Missouri, e até mesmo a retirada de seções sobre mudanças climáticas da página oficial do governo americano. Trump também chegou a afirmar que pretende fazer os Estados Unidos abandonarem o Acordo de Paris, assinado pelo seu antecessor, o democrata Barack Obama. Dias atrás, deu outro passo para derrubar as medidas de proteção ambiental criadas por Obama, assinando um decreto que libera a mineração do carvão em terras do governo federal, abrindo caminho para que usinas de geração de energia, que usam o carvão como combustível, não controlem mais a poluição que causam. Tantas medidas adotadas, e em tão pouco tempo, têm preocupado ambientalistas de todo o mundo. Na Amazônia, não tem sido diferente. Se alguns avanços vivenciados na última década ? incluindo a assinatura do Acordo de Paris ? estavam começando a mostrar uma luz ao fim do túnel, a determinação de Trump foi como voltar à completa escuridão. "Entre 2006 e 2015, reduzimos o desmatamento da Amazônia em mais de 80% e evitamos a emissão de mais de 4 bilhões de CO2 para a atmosfera. Esse foi o maior resultado já alcançado por um país signatário das Nações Unidas no combate ao aquecimento global", afirma Mariano Cenamo, engenheiro florestal, fundador e pesquisador sênior do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia, o Idesam. O problema, diz Cenamo, é que, após três anos seguidos de crise política e recessão econômica, a capacidade de investimento na conservação da Amazônia diminuiu consideravelmente: "O meio ambiente perdeu prioridade no orçamento público. Nos últimos dois anos, tivemos um aumento acumulado de quase 50% na taxa de desmatamento da Amazônia, elevando também nossas emissões de carbono".Uma vez que a esperança para retomar a agenda de conservação está baseada, em grande parte, em aportes internacionais, as medidas adotadas por Trump estão tirando o sono dos defensores da agenda climática. Somente um desses mecanismos, o de Redução de Emissões do Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+), que propõe pagar por reduções de emissões atingidas em países em desenvolvimento, poderia captar cerca de R$ 70 bilhões até 2020. "Para que isso aconteça, entretanto, os Estados Unidos devem apoiar ainda mais a conservação de florestas e REDD+ e, de forma alguma, podem abandonar o Acordo de Paris", frisa Mariano Cenamo, do Idesam. Dois fatores agravam ainda mais essa questão: os Estados Unidos são uma das nações que mais emitem poluentes para a atmosfera e a sua decisão é base para vários outros países, que poderão seguir o mau exemplo. O Acordo de Paris foi aprovado por representantes de 195 países na COP 21, em dezembro de 2015, e é o substituto do Protocolo de Quioto (Japão) como pacto universal para combater a mudança do clima. Sem a presença dos Estados Unidos, será impossível cumprir com o seu objetivo de limitar o aumento da temperatura média mundial a até 2°C. "Qualquer valor acima disso representa um colapso climático irreversível", afirma Cenamo. "Uma atitude como essa afligiria toda a humanidade. A Amazônia é nossa e estamos fazendo a nossa parte. Assumimos essa responsabilidade. A questão agora é: Os Estados Unidos de Trump irão assumir a responsabilidade que lhes cabe como líderes globais?"