São Paulo--(
DINO - 25 nov, 2016) - A valorização da moeda americana tem afetado mais do que a vontade do brasileiro de viajar: além da alta do preço das passagens e serviços de hospedagem, o câmbio elevado também tem tornado a pontuação nos programas de fidelidade mais dificultosa. Isso porque, em geral, o dólar é utilizado como base de cálculo para que as operadoras de crédito convertam os gastos efetuados pelo consumidor em pontos. E ainda que o brasileiro esteja utilizando mais o cartão ? dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) apontam que no último ano as transações realizadas com este método de pagamento tiveram um crescimento de 6,2% ? em virtude do câmbio, o fidelizado tem menor poder de pontuação em comparação com períodos anteriores.
Turismo em queda, gastos em alta
Responsável pela popularização da fidelização no país, as companhias aéreas têm amargado a crise econômica e a alta da moeda americana ? dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) apontaram uma queda de mais de 6% na demanda por destinos nacionais somente em agosto deste ano em comparação com o mesmo período de 2015. Já os voos internacionais tiveram queda ainda maior: de 6,68%. Com o orçamento apertado, muitos brasileiros estão adiando a viagem de férias, contudo, essa não é a única razão para que saldo do fidelizado cresça num ritmo mais lento.
Se por um lado o brasileiro está viajando menos, por outro está recorrendo mais ao cartão de crédito na hora de pagar suas compras ? a modalidade alcançou o montante de R$ 648 bilhões no último ano ? um crescimento 6,2% em comparação com o último período. Indicadores da Abecs também apontam que somente na primeira metade deste ano, houve um aumento de mais de 23% na quantia transferida para os participantes de programas de fidelidade se comparado com o último semestre de 2015 ? ultrapassando a quantia de R$ 1,5 bilhões. Uma das possíveis razões para tal crescimento mesmo num período de crise é a diversificação dos serviços que atualmente beneficiam não somente o viajante, mas também o consumidor que deseja pagar contas de consumo através do crédito ou simplesmente abastecer o automóvel utilizando um cartão parceiro.
De acordo com Francisco Lobo, ainda que o mercado de fidelização aponte crescimento, para o consumidor a impressão pode ser outra devido ao histórico de oscilação da moeda americana "Certamente um consumidor que acompanha periodicamente seu saldo vai perceber que ele cresce num ritmo muito mais lento que outrora. Mesmo que seus gastos estejam maiores, nos últimos dois anos o dólar teve uma elevação considerável e um cliente que gastava uma mesma quantia naquela época, pontuava muito mais do que agora em vista da variação cambial. Se ele participa do programa há um tempo considerável, essa percepção é ainda maior. " Diretor da
Cash Milhas , empresa de monetização de milhas aéreas, o especialista aponta que esses passageiros em especial devem ficar atentos aos pontos de estoque, ou seja, já adquiridos.
Perdas a longo prazo
Em geral, a taxa de conversão é de 1 ponto para cada U$1 gasto nos cartões ? logo, considerando-se um fidelizado que gastasse cerca de R$ 100 no final de 2014 com o dólar a R$ 2.65, acumulava cerca de 37 pontos/mês, já em dezembro de 2015, esse mesmo gasto representaria um ganho de pouco mais de 25 pontos/mês, com o dólar valendo R$ 3,96. Uma redução de mais de 7% no potencial de pontuação agravada ao longo do último ano, somente em 2015, a moeda americana fechou o ano com valorização de mais de 48%. E ainda que existam modalidades mais atrativas, cuja conversão pode variar entre 1,5 e 2 pontos para cada dólar gasto, essas regras se aplicam a bandeiras de categorias superiores, cujas taxas e anuidades que ser costumam significativamente mais elevadas.
Embora essa variação tenha sido menos expressiva nos últimos, a longo prazo, o consumidor continuará sentido os efeitos. "Se levarmos em conta que alguns programas exigem um saldo mínimo considerável para que o fidelizado possa resgatar prêmios ou milhas aéreas, o câmbio elevado pode tornar a modalidade menos vantajosa, ainda que o consumidor utilize muito o cartão de crédito," explica Lobo. O especialista complementa que esse cenário implica ainda num maior risco de perder os pontos "Como esse acúmulo se torna mais lento, o cliente que não estiver atento pode perder o prazo de resgate e ter seus pontos expirados. Por isso é preciso checar sempre, afim de evitar prejuízos. "
Monetização
Mais do que uma benesse, o mercado de fidelização movimenta quantias bilionárias: indicadores apontam faturamento em torno de R$ 5 bi em 2015. Os contratos entre financeiras e as principais operadoras de fidelização envolvem cifras intensificadas pelos pontos expirados ? a chamada taxa de breakage representa ganhos reais para as empresas do ramo, pois as mesmas lucram com a falta do resgate por parte do fidelizado. O estudo mais recente sobre este comportamento realizado em 2010 pelo Banco Central revelou que os brasileiros deixaram de resgatar uma quantia de 101,3 bilhões em pontos, quase 20% de todos os pontos gerados naquele ano.
Contudo, mesmo com um cenário econômico menos favorável, o participante desses programas pode encontrar alternativas para ampliar a pontuação ou até mesmo seu orçamento com a utilização dos pontos. Como neste mercado é o fidelizado quem decide para qual empresa irá negociar e transferir seus pontos, diversas operadoras têm feito promoções como o congelamento da taxa de câmbio ou redução da quantia mínima para o resgate ? tudo para estimular e conquistar o consumidor. Além disso, a negociação de milhas é outro negócio em ascensão, especialmente na internet. "A monetização, ou seja, venda de milhas é outra saída para o fidelizado que está com o saldo a expirar ou simplesmente deseja obter maior lucro com sua pontuação. Em muitos casos, os valores equivalentes são superiores ao oferecidos pelas companhias na troca por benefícios ou descontos em passagens. " ? Conclui.
Website:
http://cashmilhas.com.br/