São Paulo, SP--(
DINO - 03 set, 2018) -
Ter uma marca internacionalmente reconhecida e ter novas fontes de faturamento. Esse é um sonho da maioria dos empreendedores brasileiros que são donos de pequenas e médias empresas brasileiras. Mas as pessoas que estão à frente de seus negócios ainda pensam que essa conquista é restrita às grandes corporações. A princípio essa premissa parece ser verdadeira, porém a internacionalização está cada vez mais próxima da realidade das empresas menores.
No Brasil há 62 mil empreendedores e 6 mil startups. O número é mais do que o dobro registrado há seis anos. Em 2012 haviam 2500, mas em 2017 esse número pulou para 5100, números da Agência Brasil. Segundo noticiado por vários veículos de comunicação e também pela Agência Brasil, em 2018, o Brasil ganhou seus primeiros unicórnios, empresas que valem mais de US$ 1 bilhão, que são o Nubank e o aplicativdo de transporte 99. Ainda empreendedores são responsáveis por 50% das vagas de emprego abertas no ano de 2018, segundo a agência Globo, com 1 milhão de vagas. Em 2017, 33% da mão de obra ocupada trabalhava por conta própria ou em microempresas.
"Existe frequentemente a visão equivocada de que a necessidade motiva a maioria dos empreendedores em regiões como a África ou a América Latina. A realidade é que a oportunidade é predominantemente o fator determinante mais comum”, Mike Herrington, GEM, Global Entrepreneurship Monitor, conforme divulgado no portal UOL.
Os desafios da internacionalização para as pequenas
A falta de conhecimento sobre os mercados nos quais as empresas irão atuar e ainda os desejos e anseios dos potenciais clientes também podem ser verdadeiros entraves ao desenvolvimento internacional dos empreendimentos de menor porte. O grande desafio é estabelecer parcerias ou contratar recursos locais para trabalhar com vendas no país destino. Um vendedor que trabalha por comissão (“sales agent”) é uma das alternativas para empresas que podem investir pouco. Outra alternativa é contratar funcionários para atuar em vendas localmente. Esse time de vendas atuaria para marcar reuniões para apresentação das soluções e gerar novas oportunidades de negócios.
Ações de vendas são mais desafiadoras para as pequenas empresas brasileiras do que o conhecimento técnico exigido. As startups brasileiras tem conhecimento suficiente para exportar e se estabelecer em novos mercados no exterior. Como diz Guilherme da Silva, CEO da ATS, empresa brasileira participante do StartOut: “O Brasil no setor aeronáutico não deve para nenhum país. É excepcional. Nossa mão de obra da indústria e das universidades é extremamente qualificada. Somos diferentes da Índia, Turquia, Japão e China pois somos mais maduros no ciclo de desenvolvimento de produto e nos processo de certificação. Pelo conjunto custo e qualidade, somos imbatíveis.”
A virada do jogo
Mas para mudar esse cenário, surgiu o StartOut Brasil, uma iniciativa do Governo Federal que leva 60 startups por ano para vários países do mundo, como Argentina, França e Estados Unidos, com a meta de maximizar o volume de negócios de startups com o exterior. Esse programa tem como principal objetivo apoiar a inserção de startups brasileiras promissoras nos mais favoráveis ecossistemas de inovação do mundo. Estão envolvidos nessa iniciativa a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), o Sebrae, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) e o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
O Programa StartOut é composto por ciclos de imersão, que duram de 6 a 8 semanas. Neste período, os empreendedores passam por uma verdadeira bateria de novos conhecimentos e experiências, que incluem desde consultoria especializada em internacionalização, passando pelo acesso à plataforma “Passaporte para o Mundo”, da Apex Brasil, conexão com mentores que já conhecem o ecossistema de destino, workshop presencial até sessões online de treinamento de pitch.
Depois dessa maratona, as startups ficam com seus planos de negócios (“pitch decks”) e com a estratégia de entrada no mercado internacional já prontos. Então, os empreendedores seguem para uma Missão no país de destino. Já acomodados em solo estrangeiro, as startups continuam tendo a oportunidade de avançar mais uma vez na internacionalização do negócio, vivenciando experiências únicas, como participar de treinamento de pitch internacional, seminário de oportunidades, rodada de reuniões com prestadores de serviços locais e visitas às corporações com estratégia de inovação aberta, aceleradoras e startups de destaque. E para completar a total integração com o ecossistema do país de destino, os empreendedores são apresentados a outros empreendedores brasileiros que já conhecem bem aquele ambiente. Além desse apoio, as pessoas que seguiram na Missão também são apresentadas à potenciais investidores. E até mesmo depois do retorno da Missão, as startups também recebem acompanhamento personalizado em consultorias e, se precisarem, recebem apoio para instalar-se no país de destino, bem como promover a exportação do seu produto ou serviço.
O Desenvolvimento de Startups Brasileiras
Para fazer parte dessa iniciativa liderada pela APEX, os empreendedores precisam se inscrever no Programa StartOut e serem aprovados em uma rigorosa seleção, que avalia vários requisitos como modelo de negócio, qualificação da equipe, grau de inovação, maturidade e os objetivos da inserção internacional. Após o parecer de uma banca técnica internacional, são escolhidas apenas 15 startups para cada Missão. Na última inscrição 125 empresas participaram. Todas as startups aprovadas precisam destinar tempo, dedicação e pessoas da equipe para participarem de todos os processos definidos pelo StartOut. Impreterivelmente, os destinos de todas as missões são cuidadosamente escolhidos considerando a existência de um ambiente de investimentos para startups estrangeiras.
Destinos explorados
São realizadas periodicamente ciclos ao longo do ano. Em 2017, foram organizadas missões para Buenos Aires e França. Já neste ano, a primeira missão foi para Berlim. E, agora, neste segundo semestre, o destino é Miami. Apesar de ser conhecida como uma cidade de praia e veraneio, inclusive, escolhida como destino de férias por muitos brasileiros, Miami também está se transformando em uma referência quando o assunto é empreendedorismo. Já são mais de 1.200 startups presentes no local. Ela tem diversos aspectos que favorecem a chegada de novas startups estrangeiras, como habitação acessível e sem impostos estaduais ou municipais. Inclusive, Miami-Fort Lauderdale foi reconhecida pelo Kauffman Foundation Index, que monitora a criação de novos empreendimentos, como uma região metropolitana forte para atividade de startups, à frente de Austin, Los Angeles, San Diego e Las Vegas.
Foram mais de US$ 700 milhões nos últimos 12 meses levantados em fundos de investimento para startups, além do crescimento de investidores anjo e localização estratégica da cidade, que está posicionada como porta de entrada para outras regiões dos Estados Unidos e também para a América Latina.
Quem está a um passo da internacionalização
Uma entre as 15 startups selecionadas pelo StartOut neste segundo semestre para o Ciclo de Imersão em Miami é a Aerothermal Solutions and Software Distributor LLC. Localizada em São Paulo e há 11 anos no mercado brasileiro, e em Miami há 8 meses, a startup combina técnicas computacionais com a metodologia da engenharia tradicional para oferecer resultados confiáveis e precisos aos seus clientes. “O Ciclo Miami nos permitirá o início da nossa inserção definitiva no mercado americano e nos dará ferramentas para explorar o mercado em termos de Marketing e Vendas”, acredita Guilherme Araújo Lima da Silva, CEO da ATS. Essa oportunidade de consolidar-se como uma empresa internacional chega também como uma chance de fortalecer ainda mais a marca da startup.
Sobre o StartOut
Estão participando do Ciclo Miami as seguintes startups: Portal Telemedicina, Take, VG Waste, Flex Interactive, 360 Information Technology, Aerothemal Solutions and Software Distributor LLC, Mogai Information Tecnology, Tracksale, AgileMs, Kryptus, Labsoft Technology, I.Systems, TruckPad, Aya Tech, Fastdezine e Molegolar. As startups estarão em Miami de 09 a 14 de setembro e passaram pela capacitação e monitoria em São Paulo entre 16 de julho e 31 de agosto. Já o resultado da seleção, foi divulgado em 13 de julho.
Para saber mais
Ciclo Miami:
https://www.startoutbrasil.com.br/ciclo/miami/
StartOut:
https://www.startoutbrasil.com.brWebsite:
http://www.ats4i.com