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DINO - 11 nov, 2015) -
Ter uma gravidez tranquila, saudável e sem contratempos é o desejo dos casais que esperam um bebê, mas alguns deles são obrigados a enfrentar um problema muito mais comum do que se imagina: o abortamento espontâneo recorrente. De acordo com a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva, entre 15% e 25% das mulheres em idade fértil vão ter pelo menos uma perda gestacional e 5% delas terão duas. Cinquenta por cento das perdas não têm causas definidas. O assunto será tema da aula que o ginecologista, especialista em reprodução humana e diretor do Instituto Verhum, Vinicius Medina Lopes, ministrará no dia 13 de novembro durante o 56º Congresso Brasileiro de Ginecologia e Obstetrícia (CBGO). O evento será realizado de 12 a 15 de novembro, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília.
O aborto espontâneo é caracterizado por uma gravidez interrompida por causas naturais antes de completar vinte semanas de gestação. O especialista Vinicius Medina Lopes explica que o abortamento espontâneo recorrente, também conhecido como abortamento habitual ou de repetição, acontece quando há duas ou mais perdas gestacionais espontâneas e consecutivas antes da vigésima semana de gravidez. Esta patologia acomete 2 a 3% das mulheres que engravidam causando grande sofrimento, constrangimento e impacto emocional para elas, seus parceiros e familiares e, muitas vezes, efeitos devastadores na vida do casal.
Febre, sangramento vaginal, dor abdominal intensa e calafrios são alguns dos sintomas que podem sinalizar a perda do bebê. Quando uma grávida sente qualquer um desses sintomas, deve consultar imediatamente seu médico.
No Brasil, estima-se que por ano um milhão de casais percam seus bebês por conta de abortamentos espontâneos. "Alterações imunológicas, malformações uterinas e outros problemas anatômicos, distúrbios hormonais, fatores genéticos (anomalias cromossômicas no casal), infecções, obesidade, doenças crônicas da mãe, como diabetes não controlada e hipertensão, e o uso de drogas podem ser responsáveis pelo abortamento recorrente. Em boa parte dos casos, as perdas gestacionais sucessivas são multifatoriais, mas em 50% dos casais não é possível definir as causas", esclarece o médico. Além desses fatores, a trombofilia adquirida e hereditária também é uma causa de abortamentos e outras complicações na gravidez, como a hipertensão gestacional e o parto prematuro.
Além dos danos emocionais, os abortamentos de repetição repercutem também na vida financeira de muitos casais. Eles passam a viver na expectativa de ter um diagnóstico que identifique o que causa as perdas gestacionais, possibilite o tratamento e garanta uma futura gravidez saudável, que evolua normalmente até o parto, o que, muitas vezes, leva tempo, gera muita ansiedade e conflitos e exige investimento. O número de abortamentos prévios e a idade da mulher aumentam o risco de novas perdas. As mulheres com mais de 35 anos de idade já têm fator de risco aumentado. "A possibilidade de perda gestacional aumenta progressivamente em mulheres que já tiveram outras gestações interrompidas por causas naturais", diz o médico.
O tratamento com progesterona, o suporte emocional e a adoção de hábitos de vida saudáveis (manter-se no peso adequado, não fumar, não consumir álcool e drogas ilícitas) são algumas das recomendações dos especialistas.
O tipo de tratamento indicado dependerá das possíveis causas do problema. Segundo dados da FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), quando o diagnóstico e tratamento são realizados de forma adequada, 84% dos casais conseguem se tornar pais após duas perdas consecutivas.