Rio de Janeiro--(
DINO - 22 nov, 2016) - Tap in Rio é o maior e mais importante festival de sapateado da América do Sul, desde sua primeira edição em 2002. O evento brasileiro, criado por Steven Harper e Adriana Salomão, reúne a nata dos profissionais atuantes no país, professores dos Estados Unidos e da Europa assim como centenas de sapateadores dos quatro cantos do Brasil e do mundo.
Em 2016, o evento contou com participantes vindos da Argentina, Chile, Colômbia, Estados Unidos, Suíça, França e Suécia.
Mais que reproduzir o sapateado "made in USA", tão presente no imaginário dos amantes dos musicais de Hollywood e Broadway, o Tap in Rio incentiva o crescimento de um sapateado contemporâneo, com sotaque brasileiro, enfatizando o jeito brasileiro de dançar e sentir a música.
Steven Harper, idealizador do Tap in Rio
www.stevenharper.com.brO Sapateado no Brasil
Nestes últimos anos é impressionante o rumo tomado pelo sapateado no Brasil com salto quantitativo e qualitativo da modalidade. Até quinze anos atrás o sapateado não passava de uma mera curiosidade. Hoje são milhares de alunos afinando seus pés em escolas de dança por todo o Brasil.
Poucos sabem que, fora dos Estados Unidos, o Brasil é, com o Japão, o país com mais sapateadores no mundo. A abordagem local, o gingado, a força da música, dos ritmos e das danças brasileiras contribuem para o crescimento e a afirmação dessa arte tão especial no cenário da dança nacional e internacional.
Um fenômeno interessante é o processo de "nacionalização" pelo qual passa o sapateado nas mãos (e nos pés) de alguns artistas que buscam uma identidade rítmica e corporal fora dos padrões do jazz tradicional ou do estilo mais comercial da Broadway. A técnica usada nos pés vem do sapateado americano com ritmos brasileiros e movimentação inspirada nas danças com raízes populares. Isso é bem diferente do que simplesmente sapatear no estilo norte-americano em cima de música brasileira: envolve o conhecimento, o uso e a adaptação de passos tradicionais da dança brasileira e o respeito da sua essência e ginga
A música e a dança popular brasileira são solos férteis para sapateadores se inspirarem. Danças como o samba no pé e o frevo, embora não produzam sons, destacam um complexo jogo de pernas e um impacto visual de algum modo similar ao do sapateado.
Usando uma técnica diferente, várias danças populares brasileiras, como o xaxado no nordeste ou a chula no sul, também usam os pés para criar sons e assim realçar ritmicamente a música. Os ritmos brasileiros têm um apelo corporal enorme, maior talvez que o próprio jazz. Seu swing, porém, é diferente e requer um sério trabalho de adaptação.
A história do sapateado no Brasil começou nos anos 40, com a moda das grandes orquestras de Swing Jazz, a larga difusão dos musicais de Hollywood nos cinemas e os espetáculos do Cassino da Urca e similares. Diversos personagens pontuam essa história e vamos citar alguns. Em 1945, fugindo da 2 a guerra mundial com sua esposa Nelly, o australiano Philip Ascott estabeleceu-se no bairro pobre de Vila Carrão, em São Paulo. Começou a ensinar, de graça, os meninos e meninas do bairro. Depois de anos ganhou certa notoriedade ao aparecer com seus alunos no então popular programa de televisão "Kibon", da TV Tupi. O estilo de Ascott era derivado do sapateado inglês. Seu pai lhe mostrou alguns passos, mas o resto ele aprendeu sozinho, praticando. O Professor Ascott faleceu em São Paulo, aos 87 anos de idade.
O Professor Cid Pais de Barros teve também grande influência em SP. Abriu no início dos anos 50 a Escola de Ballet Cid de Barros, na Rua 24 de maio, no centro da cidade, onde ensinava balé, jazz (como dança social, o jazz moderno ainda não tinha nascido) e sapateado. Também autodidata, aprendeu vendo filmes, memorizando e recriando passos das estrelas de Hollywood. Como Ascott, desconhecia os nomes dos passos e desenvolveu um método de ensino baseado em pequenas sequências que chamou de "sequências numeradas". Tinha muitos alunos e a escola funcionava o dia inteiro. Outro pioneiro foi o Gualter Silva. Mineiro, veio cedo para o Rio, aos 14 anos, e resolveu ser dançarino. Autoditada com muita dedicação e talento, foi contratado por um conjunto norte-americano em 1936, os "Black Stars", que ensinaram-lhe os segredos do sapateado. Fazia dupla com sua irmã Ina e dançava em cassinos: Urca, Quitandinha, Guarujá, Mar Del Plata. Participou de excursões para Portugal e Espanha. Durante a Segunda Guerra a dupla foi convidada para fazer shows para entreter os combatentes nas bases. Num deles sapateou com a Orquestra de Glenn Miller. Tomou parte em diversos filmes nacionais, entre eles "Este mundo é um pandeiro", com Oscarito e Grande Otelo
No Rio, outro pioneiro autodidata foi o "Bob Lester"que começou sua carreira em 1936, cantando na Rádio Cajuti, do Rio de Janeiro. Nessa época, passou a se apresentar no Cassino da Urca cantando e sapateando ao lado de Oscarito, Grande Otelo e da vedete francesa Mistinguette. Em 1939, trabalhou em vários shows nos cassinos da Urca, do Quitandinha de Petrópolis (RJ) e do Copacabana Palace Hotel. Acompanhou Carmen Miranda e Bando da Lua quando a cantora foi para os Estados Unidos. Estabeleceu-se em NY por 10 Adenilde Lopes da Silva dos quais Lá, chegou a participar na condição de corista, de espetáculos ao lado de Frank Sinatra, Bob Hope e Doris Day.
Influência decisiva sobre os rumos do sapateado no Rio teve PatThibodeaux. De todos os citados, Pat foi a primeira com real conhecimento aprendido na fonte: nasceu e cresceu em New Orleans, berço histórico do sapateado e do jazz.
Um segundo "núcleo" do sapateado no Rio era liderado por Tânia Nardini foi responsável por várias produções envolvendo sapateado. Steven Harper mudou-se para o RJ em 1991, dando impulso à modalidade
Atividades, locais, acomodaç?es e preços
Tap In Rio 2017
www.tapinrio.com.br