São Paulo--(
DINO - 23 out, 2015) - Políticos e representantes do cooperativismo transformaram a cerimônia de comemoração dos 45 anos da Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo (Ocesp), realizada na noite desta quinta-feira (22), em um ato de desagravo contra a tentativa de acabar com o registro das cooperativas na instituição e desorganizar o sistema cooperativista no Estado de São Paulo.
Projeto de lei que tramita na Assembleia Legislativa de São Paulo quer alterar a Política Estadual de Apoio ao Cooperativismo, que contrapõe, inclusive, a lei federal do setor (5764/71) sobre registro de cooperativas. A intenção é que não se tenha qualquer controle na criação de cooperativas no Estado de São Paulo.
Representando o governador Geraldo Alckmin, o secretário estadual da Agricultura, Arnaldo Jardim, afirmou que a alteração da lei que instituiu a obrigatoriedade do registro interessa a pessoas que "querem partidarizar o sistema, semear a divisão e não deixar o movimento cooperativista crescer".
Jardim pediu aos parlamentares da Frente do Cooperativismo Paulista (Frencoop/SP), presentes à cerimônia, que lutem com veemência para que a lei estadual do cooperativismo não seja maculada. "Apesar de todos nós deputados sermos de algum partido político, o movimento cooperativista não tem partido. É uma conquista de todos e precisa ser preservado".
Para um dos coordenadores da Frencoop Paulista, o deputado estadual Davi Zaia, é preciso enfrentar e corrigir os "falsos profetas que querem dividir o cooperativismo, gerando desorganização e instabilidade".
O presidente da Ocesp, Edivaldo Del Grande, lembrou que o cooperativismo é uma alternativa de inclusão social e melhoria de renda. "O cooperativismo é feito da união de pessoas para a melhoria de vida dessas pessoas; promove uma distribuição de renda mais justa", disse. A cerimônia de comemoração reuniu mais de 200 pessoas no auditório da Ocesp.
Participaram da mesa de abertura do evento o embaixador do cooperativismo na FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), Roberto Rodrigues (foi ministro da Agricultura do Lula), o presidente da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras), Márcio Lopes de Freitas, o secretário de Estado dos Transportes, Duarte Nogueira, e o ex-presidente da Ocesp, Américo Utumi.
Na mesma ocasião, os deputados Davi Zaia e Hélio Nishimoto (coordenador da Frencoop Paulista) apresentaram a nova Frente Parlamentar do Cooperativismo Paulista na atual legislatura. Estiveram presentes também os deputados estaduais Itamar Borges, Cezinha de Madureira e Aldo Demarchi.
Democracia em rede
Em seu discurso, um dos incentivadores do movimento cooperativista no Brasil, o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues ? que já foi presidente da Aliança Cooperativa Internacional (ACI), órgão de representação global do cooperativismo ? manifestou indignação à atual situação política mundial e à falta de lideranças fortes e combativas para guiar a população. "A única liderança que temos no mundo hoje é o Papa, que é um líder religioso. O mundo contemporâneo não tem mais espaço para lideranças individuais", afirmou.
Rodrigues sugeriu a criação da "democracia em rede", capitaneada pelo cooperativismo. "Somos 1,4 bilhão de cooperados no mundo todo, com estrutura piramidal perfeita que vai desde a ACI, com sede em Genebra, até a última cooperativa no mais longínquo país, com uma base de valores universais importantíssima. Estamos prontos e maduros para assumirmos este papel de liderança no mundo, concluiu".