Releases 09/08/2016 - 14:50

Arie Halpern: RIO 2016 e a "gambiarra" disruptiva


(DINO - 09 ago, 2016) - A abertura das Olimpíadas Rio 2016 surpreendeu o mundo, pela criatividade e pela ousadia. Curiosamente, esse deslumbramento foi conseguido às custas de um orçamento curto para os padrões desse tipo de evento. Dos US$ 114 milhões previstos, a verba caiu para 56 milhões, para a produção de quatro cerimônias (abertura e encerramento dos Jogos Olímpicos e dos Paraolímpicos), sendo a maior parte do dinheiro destinado à segurança. Ao apurar o fato, a imprensa internacional se deparou com uma expressão exótica: nas palavras da equipe de cineastas que dirigiu o espetáculo ? Fernando Meirelles, Andrucha Waddington e Daniela Thomas ? a falta de recursos os obrigou a fazer o evento à base de "gambiarras".

Nos grandes veículos de comunicação, os comentaristas desdobraram-se para explicar o significado da gíria brasileira. O colunista da rede NBC Olympics, Joe Posnanski, explicou a seus leitores que gambiarra significa "trabalho feito com improvisação" e acrescenta que "isso pode significar um monte de coisas ? uma nova maneira de fazer algo, desenhar alguma coisa de maneira diferente, improvisar para resolver um problema etc.". O "New York Times", após indicar a pronúncia como GAHM-beeah-hah lembrou o herói da série MacGyver, que fazia coisas incríveis com muito pouco, para explicar o sentido de gambiarra.

O valor gasto não é exatamente o que se pode chamar de pouco. Mas, comparado às outras Olimpíadas, bateu um recorde. Pelos cálculos da equipe de direção, o valor investido foi 12 vezes menor do que o gasto nas Olimpíadas de Londres em 2012, e vinte vezes menor do que em Beijing.

Fernando Meirelles aproveitou para valorizar "o talento brasileiro para fazer algo grandioso com quase nada". Ao reduzir o patamar de gastos, a cerimônia na abertura da Rio 2016 provoca uma certa disruptura, porque estabelece um padrão que será lembrado nos próximos eventos. Pela beleza com que se combinou tecnologia e arte, e pelo tamanho da conta.

Em entrevista ao Mail On-line, do britânico "Daily Mail", Meirelles diz que, de início, se chateou ao ver que o orçamento estava sendo cortado, cortado, cortado. "No final", acrescentou, "me senti bem por não estar gastando um dinheiro que o Brasil não tem". "Você pode fazer algo bom com coração, com conceito, sem gastar."

Website: http://ariehalpern.com.br/