Salvador, BA--(
DINO - 21 set, 2015) - Comparado por alguns jornais às obras do autor Jorge Amado por conta do cenário que evidencia as mazelas baianas, Mundo Cão, é o retrato criado por Matheus Peleteiro para registrar o processo de desumanização do indivíduo, causado pela desigualdade social e pela ausência de oportunidades.
O livro conta a história de Pedro Contino, um jovem que, embora buscasse desde o início da vida acreditar no que fosse correto, valoroso e ético, foi, aos poucos, induzido a praticar exatamente o contrário, por conta do "Mundo Cão" que o cercava.
O autor diz que a ideia que norteou a obra, surgiu a partir da necessidade que sentiu de escrever algo que representasse o atual momento brasileiro. Nas palavras dele: "Depois de observar as obras nacionais de sucesso, passei a me perguntar, 'de que maneira estudarão sobre o nosso período no futuro?' A partir disso senti a necessidade de escrever."
História:
A máxima dita por Rousseau de que "O homem nasce bom, e é a sociedade que o corrompe" é nítida na obra. A saga de Pedro Contino, jovem inundado de sonhos e boas perspectivas, buscando seu futuro baseado em valores éticos e morais, e que, por circunstâncias das mais diversas ordens, foi compelido a entrar "de cabeça" no universo corrompido daquele "Mundo Cão" em que vivia e tanto queria se afastar.
Assim ressaltou o crítico literário Jonatan Silva:
"Há tempos que a favela não é mais a mesma. Os morros já não são os morros de Noel Rosa e os malandros não são mais os malandros de Chico Buarque. As "comunidades" deixaram as marginais culturais e ganharam espaço nas novelas, nos filmes e, claro, na literatura.
Mundo cão, de Matheus Peleteiro, é parte desse novo retrato da periferia brasileira, uma combinação pop do prisma cultural que os becos e vielas exalam.
Peleteiro cria um diálogo realista entre Pedro Contino e o mundo voraz que o cerca. As festas, alguma droga, o sexo e as mulheres: tudo isso é usado para compor um cenário aproximado das comunidades marginais (e muitas vezes marginalizadas) ? ainda que o tom ficcional seja claro.
A favela Roda Viva está em Salvador, mas poderia existir, sem nenhuma estranheza, em qualquer metrópole brasileira."
O autor:
Matheus, 20 anos, é estudante de direito e, apesar de neófito na carreira de autor, participou recentemente da XVII Bienal Internacional do Rio.
Mundo Cão foi lançado recentemente, mas o escreveu aos 18 anos e é o seu primeiro romance. Apresenta como referências a psicologia implícita nas obras do Dostoievski, a música nacional, e autores da literatura marginal como Charles Bukowski e John Fante.
Atualmente, o jovem baiano já tem engatadas mais três obras, que objetivam também retratar a contemporaneidade e a diversidade, duas das suas paixões.
Serviço
Livro "Mundo Cão"
Matheus Peleteiro
Páginas: 166
Preço: R$ 29:90
Editora: Novo Século
Vendas: Redes Cultura, Saraiva e Amazon.