Releases 29/09/2015 - 14:05

"Reorganização pregada pelo Estado não tem preocupação pedagógica"


São Paulo--(DINO - 29 set, 2015) - Diretor da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo), o vice-prefeito de Itapevi, Professor Flaudio, vê com preocupação as medidas divulgadas pela secretaria estadual de Educação em reorganizar as escolas por ciclos. A alteração foi anunciada nesta semana e pode levar a transferência de mais de 1 milhão de alunos. A pasta afirma que houve redução no número de estudantes nos últimos anos, o que possibilitaria essa mudança. "Se houve redução de 2 milhões de alunos, por que ainda temos salas com superlotação?" questiona Flaudio. Ele ressalta que há reformas mais importantes para melhorar a educação no estado.

O que o governo do estado quer fazer com as escolas?
A secretaria de Educação dividiu os alunos no que eles chamam de ciclos, dividindo o ensino fundamental e o ensino médio. Várias escolas têm mais de um ciclo em sua composição, alunos do ensino médio e do fundamental, por exemplo, o antigo 1º e 2º grau. O que o governo estadual decidiu, mais uma vez de forma arbitrária e sem diálogo com entidades da educação, é que irá reorganizar essas fases e mudar os alunos de escolas, criando colégios com apenas um ciclo.

O que deve causar essa mudança?
Infelizmente, essa reorganização pregada pelo governo do estado não mostra nenhuma preocupação pedagógica. Trata-se de uma mudança apenas física, longe de ser um projeto educacional para os alunos. Enfim, eles irão desorganizar a rede pública. Além disso, os pais terão de se adaptar a essa mudança. Se você leva dois filhos para uma escola, talvez terá de se desdobrar para ir a mais de um colégio em mais de um horário. É algo que precisa ser avaliado. Em 1995, a ex-secretária Rose Neubaeur fez algo parecido e levou à demissão de 20 mil professores que ficaram sem aulas em suas escolas. Naquela época, também houve transtornos para todas as famílias por conta dessa desorganização. Apenas prejuízos a educação do estado.

De que forma essa mudança pensada afeta os professores?
Atualmente, os professores já precisam ir a mais de uma escola para dar aulas e conseguir se manter com um salário bem abaixo do ideal. Com essa reestruturação, da forma como está sendo planejada, a situação ficará ainda mais delicada para os profissionais. Eles terão de ir a muito mais escolas para conseguir uma remuneração razoável, tendo em vista a falta de diálogo e consideração do governador Geraldo Alckmin em atender as demandas dos docentes, como os 89 dias de greve neste ano, em que não houve nenhuma proposta para atender a classe.

Essa proposta pode melhorar a qualidade do ensino?
Se o governador Geraldo Alckmin quisesse mesmo melhorar a qualidade da educação atuaria de forma mais firme e buscaria reformas mais essenciais. Por exemplo, garantir o fim da superlotação nas escolas. Como o sindicato dos professores já demonstrou, temos salas de aulas em que chegamos ao absurdo de até 80 alunos. E as medidas até aqui tomadas pela secretaria de Educação não buscam corrigir o problema. Ao contrário, salas de aula foram fechadas e essa reorganização pode piorar a situação.

O governo alega que houve redução no número de alunos e que isso faz necessária essa mudança. Como vê essa justificativa?
Se houve redução de 2 milhões de alunos, por que ainda temos salas com superlotação? Por que não é feita uma reestruturação para que haja um número menor de alunos por classe? O ideal é que se reduza o número de alunos por sala de aula, porque a questão vai além dos prédios e da estrutura, que é a única coisa que pensa o governo. É uma questão de qualidade do ensino. Um aluno tem muito mais chance de aprender em uma sala com menos alunos, pois o professor pode dar mais atenção para as dúvidas dos estudantes.