Releases 06/04/2016 - 14:00

ONG Gestos lança campanha Saúde não é Comércio


Recife, PE--(DINO - 06 abr, 2016) - A saúde não como um negócio entre governo e grandes corporações, mas firmada como um direito humano e uma obrigação do Estado. Este é o grande objetivo de debate da campanha "Saúde não é Comércio", desenvolvida pela ONG (Organização Não Governamental) Gestos ? Soropositividade, Comunicação e Gênero ? em parceria com diversas organizações da sociedade civil. O lançamento oficial da ação acontecerá nesta quinta-feira (7), Dia Mundial da Saúde, com foco no custo versus acesso da população ao tratamento para a Aids. As atividades, entre ações nas redes sociais, debates e seminários sobre o tema, devem durar seis meses.

A ideia do projeto é informar, por exemplo, sobre as tentativas de privatização do SUS através de obscuras Parcerias Público-Privadas (PPPs), que dificultam o monitoramento e impedem a sociedade civil de acompanhar a eficiência das PPPs. O SUS, aliás, devido a importância do fortalecimento do sistema, será o tema da primeira fase do trabalho, defendido pela fanpage da campanha (saudenaoecomercio) através de hashtags como #NoSUStem, #SaúdenaoéComercio e #SónoSUStem, destinadas a mostrar que não se trata apenas de uma "rede de hospitais e postos de saúde para pessoas impossibilitadas de pagar planos privados". "O SUS é um complexo sistema integrado de saúde pública que está presente na vida de todos os brasileiros, inclusive na dos que usam apenas planos de saúde privado. Não é à toa que é tão elogiado mundo afora", explica Alessandra Nilo, jornalista, coordenadora-geral e uma das fundadoras da Gestos.

De acordo com a ONG, a observação dos últimos anos mostra que grandes interesses trabalham para enfraquecer a imagem do SUS, enquanto que o poderoso segmento de produtos farmacêutico continua crescendo, e isso através de um lobby agressivo e do estreitamento de laços com a política a fim de aumentar lucros já enormes. A Gestos ainda revela que duas das estratégias adotadas para garantir o crescimento vertiginoso de receitas (o Brasil já alcançou a sexta posição em vendas de medicamentos no mundo), é doar aos mais altos cargos da república recursos vultosos para campanhas ? existe, inclusive, uma "bancada dos medicamentos" nas casas parlamentares com o propósito de trabalhar em favor dos interesses de grandes laboratórios internacionais ? e manter um relacionamento igualmente próximo com a classe médica. Segunda Alessandra, o assédio a deputados e senadores é tão intenso que existem, de acordo com relatório de 2015 da ONG Repórter Brasil, 16 Projetos de Lei tramitando no Congresso Nacional para reformular a Lei 9.279/96, que trata do monopólio de patentes industriais no país.

"Ou seja, é preciso conscientizar a sociedade sobre o perigo que ronda um dos seus direitos mais básicos. A campanha vai, inclusive, empreender ações junto ao legislativo federal e ao Ministério da Saúde, sem deixar de ir buscar parcerias com organizações da sociedade civil. É preciso unir esforços compatíveis com o tamanho da ameaça", explica Nilo.

Delineada a partir de 2003, a campanha já foi levada ao Fóum Social Mundial (Mumbai, 2004), às edições do mesmo evento em Porto Alegre (2005) e na Venezuela (2006) e por último desembarcou no Peru durante o Fórum Latino-americano de HIV e Aids (2009), onde discutiu sobre propriedade intelectual e direito à saúde. Agora, diante de um cenário de crise que ameaça até conquistas e direitos adquiridos, volta com mais força ao Brasil, onde pretende lançar luz sobre a influência da gigante indústria farmacêutica na formatação e implementação de políticas públicas e decisões médicas.


Serviço - Lançamento da campanha Saúde Não é Comércio

Quando: 7 de abril

Contato: Gestos através do telefone (81) 3421-7670 ou no site www.gestos.org


Fanpage: https://www.facebook.com/saudenaoecomercio/?ref=ts&fref=ts