Rio de Janeiro--(
DINO - 04 dez, 2015) - O dano à imagem da Vale causado pelo rompimento das barragens em Mariana é robusto, porque das três marcas envolvidas na tragédia: Samarco, Vale e BHP Billiton, para os brasileiros, a Vale é a mais marca mais conhecida e tangível.
Quando acontecimentos deste porte ocorrem, é natural que as pessoas busquem um "culpado" e que as pessoas demandem por Justiça (leia-se punição), isso faz parte do comportamento humano. A exclusão da Vale do Índice de Sustentabilidade da Bovespa responde, em parte, a esta demanda por Justiça da sociedade. É uma forma de punir a empresa pela tragédia.
De todo modo, há algumas considerações a serem feitas. A Vale deixou de ser sustentável da noite para o dia? O que se espera em termos de sustentabilidade para empresas extrativistas? Quais os critérios usados pelo Índice para a definição de ser ou não sustentável? A Vale foi excluída do Índice em 2016, mas nele há empresas envolvidas recentemente em denúncias da Operação Lava a Jato, há bancos que cobram em média cerca de 400% ao ano em juros no cartão de crédito (a título de comparação, na Argentina, a média de juros anuais para o crédito rotativo não chega a 40%. No país da América Latina com maiores juros, a Colômbia, a média é de 63%), há empresas de telefonia que lideram rankings de reclamação de seus clientes nos órgãos de defesa do consumidor. Podemos considerar estas empresas sustentáveis? Devemos desconsiderar todos os esforços que estas empresas fazem de devolutiva para a sociedade classificando como socialwashing ou greenwashing?
A sustentabilidade ainda é um caminho. Não existe empresa 100% sustentável no Brasil porque a nossa sociedade também não é sustentável. Além disso, nas crises, o sensacionalismo reina e ajuda a destruir reputações. Muito tem sido dito sem contextualização. A morte do Rio Doce e das vítimas que foram soterradas causa comoção. Mas não se fala qual a situação do rio antes da chegada da lama das barragens. Era um rio com vitalidade ou já agonizando? Muito tem sido dito sobre a toxicidade da lama, mas não ouvi nenhum repórter perguntar a um representante da Samarco, em cadeia nacional, se a lama é realmente tóxica ou não? Ou de onde vem a divergência entre os laudos divulgados pela mídia e a afirmação da empresa de que a lama não é tóxica.
O que vai ficar depois de todo este lamaçal ainda não sabemos. O desafio para a Vale e para a Samarco são enormes. Principalmente se levarmos em consideração o mau conceito que as mineradoras têm no imaginário popular por aqui. Historicamente, aprendemos que nossas riquezas naturais são saqueadas desde o descobrimento do Brasil.