Rio de Janeiro, Rio de Janeiro--(
DINO - 05 nov, 2015) - No mês da campanha Novembro Azul, a ideia é alertar para o cuidado com o rastreio e a detecção precoce do câncer de próstata, o mais comum entre os homens em todo o mundo e a segunda causa de morte relacionada a cânceres no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), mais de 60 mil novos casos surgiram ano passado e, para Leonardo Kayat Bittencourt, radiologista da Clínica de Diagnóstico por Imagem (CDPI), somente a detecçãoprecoce e a correta seleção de tratamento são capazes de reduzir o número de mortes. Ele emprega a ressonância magnética como importante método diagnóstico auxiliar na definição dessas questões.
Segundo Leonardo, doutor em ressonância magnética da próstata pela UFRJ e professor adjunto de radiologia na UFF, a técnica vem auxiliando na identificação e caracterização da doença. "O exame vem evoluindo como uma modalidade poderosa na localização e no estadiamento desse tipo de câncer, complementando e acrescentando informações àinvestigaçãode toque retal e à ultrassonografia", argumenta.
Para o médico, os exames de toque retal e PSA ainda são fundamentais para o rastreamento do câncer de próstata, e todo homem acima de 40 anos deve consultar-se com um urologista pelo menos uma vez ao ano, conforme orientação da Sociedade Brasileira de Urologia. Entretanto, esses exames, a ultrassonografia e até mesmo as biopsias por vezes exibem limitações no diagnóstico, o que provocou interesse pelo desenvolvimento de outras técnicas.
Nesse contexto, a ressonância de próstata apresenta-se muito promissora, por causa da alta resolução das imagens e da possibilidade de estudar o comportamento biológico dos tecidos de forma não invasiva. "De acordo com as diretrizes da Sociedade Brasileira de Urologia e da Sociedade Americana de Câncer, a ultrassonografia isoladamente não é recomendada para o diagnóstico por imagem do câncer de próstata, pois não há evidências suficientes que comprovem sua especificidade ou capacidade de aumentar a taxa de detecção. Dessa forma, a ressonância vem ganhando cada vez mais importância no manejo do câncer de próstata", afirma Leonardo.
O radiologista aponta que é possível visualizar lesões de diferentes formas por meio da ressonância magnética. "Já temos evidências científicas fortes de que algumas técnicas como difusão e permeabilidade modificam significativamente a classificação de risco dos pacientes e a decisão pelo tratamento adequado, o que aumenta a confiança do diagnóstico", conclui.
O exame dura em média 30 minutos, e Leonardo aconselha a realização em aparelhos de última geração, de 1,5 Tesla ou, preferencialmente, de 3 Tesla, que oferecem melhores resultados. O exameestá baseado na metodologia PI-RADS, criada em 2012 e reeditada ano passado, em que padroniza suainterpretação. "O objetivo é uniformizar a descrição e melhorar a detecção da doença no mundo", afirma Leonardo.
O especialista faz ainda um alerta para pacientes que tenham passado por biopsia recente e serão submetidos à ressonância magnética: "O ideal é fazer o exame antes da biopsia ou esperar ao menos um mês após sua realização. Assim, diminui a influência das áreas de sangramento na interpretação das imagens", pondera ele.
Mas independentemente da maneira de diagnosticar a doença, o especialista defende a prevenção e o rastreio clínico como as melhores opções, sobretudo em homens com mais de 50 anos. "Para se manter saudável, é preciso ter alimentação balanceada e praticar exercícios físicos regularmente, em especial os homens que estão no grupo de risco, ou seja, com idade acima de 50 anos, histórico familiar da doença, excesso de peso ou sedentários. E, logicamente, a consulta frequente com um urologista é fundamental para oacompanhamento adequado", conclui o médico.