Releases 20/10/2015 - 11:52

Confira como as economias avançadas e emergentes estão distantes quando o assunto é tecnologia


(DINO - 20 out, 2015) - Por Gerino Xavier e Jeovani Salomão*


A distância entre as economias avançadas e emergentes voltou a crescer quando se trata de ambiente digital. A conclusão é da pesquisa realizada pelo WEF (Fórum Econômico Mundial, na sigla inglesa) e publicada anualmente no "Network Readiness Index". Com dados preocupantes, ele mostra a necessidade dos países em desenvolvimento de criarem novas políticas públicas para o setor de tecnologia de informação.

Em uma escala de 0 a 10 para avaliar os 148 países presentes na última edição, as notas efetivas variam de 2,22 de Chade, última colocado, para 6,04 obtida pela Finlândia, líder no levantamento. O latino-americano mais bem colocado é o Chile, na 35ª posição e com 4,61 pontos. Já o Brasil é apenas o 69º, com 3,98 e próximo à Colômbia e o México.

O índice é alcançado pela média ponderada de um grande número de indicadores. Eles foram agrupados em dez pilares: 1) utilização da tecnologia pelos governos; 2) utilização pelas empresas; 3) utilização dos indivíduos; 4) evolução das habilidades digitais; 5) capacidade econômica de compra da tecnologia digital; 6) desenvolvimento da infraestrutura e conteúdos digitais; 7) os impactos econômicos; 8) os impactos sociais; 9) adoção da tecnologia digital, o ambiente político e regulatório; e 10) o ambiente de negócios e inovação.

Ao compararmos cada um dos pilares entre os países avançados com os demais, observamos que os itens 1 e 5, por exemplo, são os que apresentam a menor distância ? a maioria das nações desenvolveu iniciativas para diminuir o custo de adoção da tecnologia e seu uso pelos próprios governos. No outro extremo, os itens 3,6 e 7 são os que têm as maiores diferenças ? justamente os que trazem benefícios para a grande maioria dos cidadãos e empresas.
Não se trata de dados do momento. Uma análise da evolução dessas notas entre 2012 e 2014 revela que a utilização de tecnologias pelos governos e a capacidade econômica para adquiri-las foram os campeões de progresso nos países menos favorecidos. Já a utilização de soluções pelos indivíduos e a respectiva qualificação digital está progredindo mais rapidamente em economias avançadas. Uma avaliação específica dos BRICs revela que, no mesmo intervalo de tempo, eles permaneceram praticamente estacionados em todos os pilares ? exceto por um pequeno crescimento do uso pelas pessoas e governos.

Portanto, é necessário que este alerta mexa com formuladores de políticas públicas dos países emergentes. Está na hora de mudar o foco para outros pilares. Caso contrário, os países podem perder o trem da "Revolução Digital" da mesma forma que ocorreu 150 anos atrás com a "Revolução Industrial".

Nenhum líder político se atreve a vir a público e dizer que esse é o objetivo para sua nação. Porém, para evitar que isto se concretize, é preciso repensar as políticas públicas digitais, colocando atenção nos benefícios concretos para a sociedade e as empresas. A expectativa é que até o Congresso Mundial de TI, em 2016, esta brecha digital entre economias avançadas e emergentes possa, pelo menos, perder sua velocidade.

* Gerino Xavier é VP de Comunicação e Marketing da Assespro Nacional
* Jeovani Salomão é presidente da Assespro Nacional