Releases 15/09/2015 - 12:13

Formação continuada de educadores faz diferença no ensino da leitura e da escrita - 5 casos em 5 regiões do Brasil


São Paulo (SP)--(DINO - 15 set, 2015) - Como eles conseguiram? Propondo atividades em sala a partir da cultura local. Foi o que fizeram educadores de Marataízes (ES), Brasília (DF), Frederico Westphalen (RS), Mojuí dos Campos (PA) e Paripiranga (BA). Em cada projeto, os alunos:
- Produziram um artigo de opinião sobre o Funk (Marataízes - ES);
- Trocaram correspondências com estudantes de Cabo Verde (Brasília ? DF);
- Escreveram uma carta aberta para denunciar a interdição de uma ponte (Frederico Westphalen ? RS);
- Desenvolveram um folder turístico para uma cidade recém-emancipada (Mojuí dos Campos ? PA);
- Produziram entrevistas e uma peça de teatro a partir das histórias de muitos "severinos", moradores do sertão baiano (Paripiranga ? BA).
Em comum, todos os professores desenvolveram um projeto didático, com uma sequência de atividades que propõem práticas de escrita a partir da cultura local e do interesse dos alunos. Os estudantes tiveram acesso a textos de diferentes gêneros, inclusive literários, e desenvolveram inúmeras habilidades, o que permitiu que avançassem em suas produções de texto, leitura e oralidade (veja síntese de cada projeto no fim deste texto).
Os 5 projetos, um de cada região do país, estão entre os 24 selecionados pela equipe técnica da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro. Eles passaram por uma rigorosa peneira: quase 600 educadores certificados pelo curso online Caminhos da Escrita foram convidados a apresentar o projeto que desenvolveram durante o curso. Essa foi a primeira condição para a seleção dos participantes. Ao final do processo, 24 projetos foram escolhidos para serem apresentados no "Seminário Internacional Escrevendo o Futuro", que ocorreu no dia 23/06, em São Paulo (SP).
Como os professores conseguiram encorajar seus alunos a se tornarem leitores e escritores? Para Sônia Madi, coordenadora do Escrevendo o Futuro, "é o escrever para ser lido, para se comunicar e para expressar sentimentos que tem sido a bandeira do programa ao longo de 14 anos". Ela acredita que as 24 experiências apresentadas no seminário demonstram que o objetivo primordial do Programa ? auxiliar professores a ensinar melhor a língua portuguesa ? está sendo alcançado.
O que é a Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro? Uma iniciativa da Fundação Itaú Social e do Ministério da Educação, coordenada pelo Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), que desenvolve ações de formação de professores com o objetivo de contribuir para a melhoria do ensino da leitura e escrita nas escolas públicas brasileiras.
Desde 2005, a Olimpíada oferece formações on-line para educadores de todo o Brasil. Nos ambientes com mediação, acontecem os cursos Caminhos da escrita e Sequência didática: aprendendo por meio de resenhas. Somente em 2014, mais de 100 mil professores de língua portuguesa se inscreveram nos cursos oferecidos pela iniciativa.
Para o Cenpec, a formação continuada deve ocorrer na própria escola: ela é um centro de formação. É ali onde o ensino ocorre. Os educadores precisam trocar experiências, discutir as dificuldades dos alunos, criar situações de estudo, analisar resultados etc. A Olimpíada, por meio de suas ações, fomenta uma troca entre os educadores.
Os materiais e formações da Olimpíada oferecem, entre outras coisas, sequências didáticas, organizadas em oficinas e planejadas para estimular a vivência de uma metodologia de ensino de língua que trabalha com gêneros textuais. Organizadas de acordo com os objetivos que o professor quer alcançar para a aprendizagem de seus alunos, as sequências didáticas envolvem atividades de aprendizagem e de avaliação.
Projeto: Cantos Distantes, Coord. Pedagógica Maria Verúcia de Souza, Escola Clase 308 ? Sul / Brasília (DF), 3º ano do Fundamental - A professora Maria Verúcia e seus alunos demonstram que é possível dar novo sentido à troca de cartas atualmente como meio de compartilhar diferentes culturas. Por meio das cartas, crianças de Brasília puderam "encontrar-se" com crianças da Escola São Francisco, em Cabo Verde, viajando, sem se deslocar fisicamente, para "cantos distantes".
Projeto: O ator em cena: Morte e Vida Severina, Prof. José Souza dos Santos ? Paripiranga (BA), Escola Municipal Maria Dias Trindade, 9º ano do Fundamental - O belíssimo poema Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto, deu origem ao projeto "O ator em cena: Morte e Vida Severina", realizado com os alunos do povoado Antas do Raso. A cultura da reza, do benzer para curar mazelas e o costume das sentinelas sobrevivem nesta localidade, como também ainda há os retirantes que saem para a região sul em busca de vida melhor. Além da leitura do poema, o projeto propicia o debate, a apreciação do filme inspirado no poema, entrevista com moradores, produção de poema e vídeo e culmina com apresentação de uma peça.
Projeto: Encantos de Mojuí dos Campos, Profa. Rosiane Maria da Silva Coelho ? Mojuí dos Campos (PA), Escola Estadual Gov. Fernando Guilhon, 2º ano do Médio - Dois objetivos moveram a professora a desenvolver o projeto: valorizar o lugar em que vivem e tornar a escrita mais significativa, como atividade social, voltada ao contexto sociocultural dos estudantes. A produção de um folder turístico da cidade, além de estabelecer uma conexão entre escola e comunidade, valorizando eventos festivos e pontos turísticos, também possibilitou o uso da linguagem para fins reais, tornando os alunos protagonistas do lugar onde vivem.
Projeto: Funk: despertando pontos de vista em sala de aula, Profa. Marlucia da Silva Souza Brandão ? Marataízes (ES), Escola Estadual Domingos José Martins, 1º ano do Médio - Ao identificar o interesse dos alunos pelo funk, Marlucia decidiu desenvolver um projeto que valorizasse esse gênero musical como manifestação cultural e, ao mesmo tempo, lançar um olhar crítico sobre o conteúdo de suas letras. O projeto possibilitou um debate sobre a cultura marginal e a cultura aceita pela escola, culminando com a produção de artigos de opinião sobre o funk, que depois de aperfeiçoados, foram publicados no blog da turma.
Projeto: A ponte pela qual precisamos passar, Profa. Bernadete Queiroz dos Reis Guerra, Escola Estadual Técnica José Cañellas ? Frederico Westphalen (RS), 3º ano do Médio - Uma ponte interditada sobre o rio Uruguai deu origem ao projeto. Bernadete viu nesse problema real, que afetava a vida dos dos moradores, a chance de ampliar o letramento de seus alunos. Uma carta aberta, publicada no jornal local, e entregue à Câmara de Vereadores e ao DNIT é o produto final do projeto, que, além de letramento, desenvolve a cidadania do aluno.