Releases 06/06/2016 - 16:47

Estudo mostra a vantagem de armazenar células-tronco do tecido do cordão umbilical, e não as do sangue do cordão, no momento do parto


São Paulo, SP--(DINO - 06 jun, 2016) - Uma descoberta feita por três biólogos brasileiros revolucionou o conceito em todo o mundo a respeito do armazenamento de células-tronco no momento do parto. Uma pesquisa conduzida na USP (Universidade de São Paulo), sob orientação da geneticista Mayana Zatz, chegou à conclusão que o tecido do cordão umbilical é uma fonte muito mais rica em células-tronco mesenquimais quando comparadas com o sangue de cordão, mas vinha sendo descartado pelos bancos ao coletarem somente o sangue.

"Os pais ainda têm pouca informação sobre o assunto e acabam acreditando ainda que vale a pena guardar as células-tronco encontradas no sangue apenas", disse Mariane Secco, uma das pesquisadoras responsáveis pela descoberta científica. Com a publicação do estudo e a grande repercussão, os três jovens biólogos criaram a StemCorp, uma empresa especializada na coleta e armazenamento de células-tronco mesenquimais. Em poucos meses, viram a demanda se multiplicar. "Os médicos tomaram conhecimento da pesquisa e passaram a recomendar o armazenamento aos pacientes."

Atualmente não se recomenda armazenar as células-tronco hematopoeticas do sangue do cordão para uso próprio, ou seja, em bancos particulares. Por outro lado, pesquisadores ao redor do mundo têm demonstrado o potencial das células-tronco mesenquimais para tratamento de inúmeras doenças degenerativas e imunológicas, e até mesmo para situações corriqueiras como uma queimadura, fratura óssea ou até mesmo uma problema na cartilagem do joelho.

Entenda melhor as principais diferenças entre as células-tronco encontradas no tecido do cordão (mesenquimais) e as células presentes no sangue do cordão (hematopoeticas):

Células-tronco do tecido do cordão umbilical:

1. São mais versáteis e capazes de se transformar em diversos tipos de células e tecidos (incluindo osso, tendão, cartilagem, gordura, músculo etc).

2. As células-tronco mesenquimais podem ser isoladas, armazenadas e multiplicadas em laboratório.

3. Existem mais de 500 testes clínicos em seres humanos em andamento com as células-tronco mesenquimais e este número não para de crescer. Especialistas da área preveem que aplicações terapêuticas serão rotineiras nos próximos anos.

4. Uso de células-tronco mesenquimais para tratar diabetes, lesões ósseas, artrite, doenças cardíacas não deve demorar. Estudos estão sendo desenvolvidos no mundo todo e vários estão na última fase de testes.

5. Como é feito o armazenamento: normalmente no momento do parto, em um procedimento simples com o material que seria normalmente descartado. Depois, o tecido coletado é levado para o laboratório para realizar o isolamento das células-tronco e o armazenamento das mesmas.

Células-tronco do sangue do cordão umbilical:

1. São capazes de regenerar e reparar o sistema sanguíneo, portanto poderiam ser usadas em doenças hematológicas, tais como anemias, leucemias, talassemias, etc.

2. O uso é limitado. As doença hematológicas são raras: a chance de um indivíduo apresentar este tipo de doença é na ordem de 1 para cada 20 mil indivíduos.

3. Não é recomendado o uso próprio pois grande parte dessas doenças hematológicas tem uma causa genética e, por isso, as células armazenadas teriam o mesmo problema genético.

4. Até hoje não é possível multiplicar as células-tronco do sangue em laboratório. Só poderiam ser utilizadas no tratamento de doenças em pessoas com até 50 quilos, ou seja, poucos adultos.

5. Das mais de 92 mil unidades de células-tronco extraídas do sangue do cordão e armazenadas em bancos privados do país, só treze foram usadas para fins terapêuticos, sendo 5 pelo próprio bebê, 3 em protocolos de pesquisa, ou seja, como forma de teste e o restante utilizado em transplante de parentes.

6. Recentemente, a ANVISA, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, também soltou uma cartilha ressaltando como são raros os casos em que as células do sangue vão servir para o tratamento de doenças.

Resumindo, atualmente as pesquisas vem mostrando um potencial de aplicação bem maior para as células-tronco mesenquimais do tecido do cordão umbilical em relação às hematopoéticas do sangue de cordão.

Mas as células-tronco mesenquimais só existem no tecido do cordão umbilical? Não, estão presentes em vários outros tecidos, tais como o adiposo e na chamada polpa dentária.

Por que armazenar?

As células-tronco encontradas no nosso corpo envelhecem como qualquer outra célula e com o passar do tempo vai perdendo seu potencial de multiplicação e de originar novas células e tecidos. Além disso no nosso corpo elas estão sujeitas a mutações no DNA, agentes químicos, tóxicos e infecciosos, por exemplo. No momento do parto, são mais jovens e quanto antes um indivíduo adulto armazenar, melhor.

Website: http://www.stemcorp.com.br