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DINO - 20 jan, 2017) - Em entrevista ao site VoteBem,
Luciana Lóssio disse achar vergonhoso o ainda ínfimo percentual de mulheres que participam ativamente da política no Brasil. Em uma escala mundial, o país está posicionado em situação inferior a de outras nações com baixo desenvolvimento, como o Afeganistão, por exemplo. A ministra, que também é presidente da Associação de Magistradas Eleitorais da Ibero-América, enfatiza que a sociedade, através da discriminação de gênero, é responsável por tornar o cenário político tão desigual.
Para
Luciana Lóssio, mesmo com a exigência legal de haver ao menos 30% de mulheres entre os candidatos eleitorais, ainda é necessário que outras medidas sejam adotadas, já que muitas tornam-se candidatas fantasmas, sem atuação política, apenas possibilitando que determinado partido se habilite para as eleições. Segundo ela, que é advogada por formação, faz-se necessário o aumento de um modo mais incisivo de se fiscalizar o andamento de tais candidaturas, para que esse tipo de comportamento seja combatido.
Imbuída de uma grande bagagem cultural, inerente ao cargo de
juíza, Luciana Lóssio é no TSE uma representante de peso do sexo feminino. O órgão, que é responsável por toda a organização dos processos eleitorais do país, veiculou uma campanha publicitária destinada ao incentivo da efetiva participação da mulher no meio político.
Relembrando a trajetória da mulher frente ao voto, a ministra citou que a disparidade de gênero é algo que vem se arrastando ao longo de décadas e, mesmo com avanços, estes ainda são insuficientes para gerar um estado de maior igualdade. Apesar do Brasil possuir grande importância no exterior, a política não caminhou na mesma velocidade com que outras áreas se desenvolveram, analisa.
A também juíza Luciana Lóssio, percebe a baixa participação feminina no ambiente político brasileiro como uma espécie de reflexo do que a mulher vivencia em seu cotidiano. Segundo ela, ainda há diferença salarial que favorece o gênero masculino, além de muitas outras diferenciações que os indivíduos sofrem em função do sexo que possuem, o que torna a situação desigual. A falta de apoio por parte dos homens também foi outro fator elencado pela entrevistada.
Perguntada se haveria desinteresse por parte das mulheres no que se refere às questões eleitorais, ela foi enfática ao dizer que o público feminino é bastante ávido por participar, mas esbarra no machismo até mesmo dentro dos próprios partidos. Conforme avalia, não há o devido incentivo por parte da maioria masculina que ainda impera nesse meio, deixando as mulheres sempre à margem de acontecimentos relevantes. Como consequência, ela observa dificuldades de ascensão quando a candidata opta por seguir esse caminho.
Polivalente, Luciana Lóssio também exerce a função de
conselheira do Conselho Nacional de Direitos Humanos e acredita no potencial transformador que a campanha do Tribunal Superior Eleitoral possui, uma vez que despertará a população para a necessidade de mudanças reais. Dessa forma, ela vislumbra maior comoção por parte da sociedade, o que poderá resultar em um aumento do número de mulheres na política.