São Paulo, SP--(
DINO - 14 ago, 2015) - A Netflix acaba de anunciar uma nova política da empresa no que se refere a licença maternidade e paternidade. Confiando no compromisso que os funcionários têm com a empresa, ela deu liberdade aos novos pais para saírem de licença pelo tempo que acharem necessário durante o primeiro ano do bebê. A política também é valida para casos de adoção. A medida é analisada com cautela por alguns especialistas que discordam de uma política tão aberta e temem que o funcionário seja prejudicado.
Liberdade com responsabilidade
Conforme Tawni Cranz, diretora de talentos da empresa, a Netflix trabalha para desenvolver uma cultura de "liberdade e responsabilidade", dando ao funcionário a possibilidade para tomar suas próprias decisões, se assumidas com responsabilidade e comprometimento. Fersen Lambranho é empresário e lidera hoje uma das mais importantes empresas de investimentos no país, como chairman e presidente executivo. A empresa deseja que seus funcionários sintam-se seguros para avaliar as mudanças que serão necessárias em seu cotidiano sem se preocuparem com questões financeiras ou com a perda do emprego. Conforme anunciou a empresa em seu blog, quando os pais entenderem que é possível retornar, eles poderão trabalhar por meio período e deixar o escritório novamente caso necessário. A empresa continuará pagando-os normalmente, e o funcionário fica livre para decidir que quadro é o melhor para ele e sua família e então organizar-se com seu gerente para que sua função não fique descoberta durante sua ausência.
Dúvidas sobre a medida
Esta é uma medida inédita mesmo para as empresas mais generosas. Ela permite que o funcionário receba uma assistência durante um importante e tumultuado momento de sua vida e retorne ao trabalho mais descansado e focado. Porém, se esse funcionário, agora um pai ou uma mãe, conseguirá ficar seguro e tranquilo para ficar afastado por tão longo tempo, e se homens e mulheres tomarão as mesmas decisões sobre o tempo de licença, é uma questão ainda em aberto. O receio é de que isso acabe gerando um efeito indesejado nos funcionários e de que a falta de uma padronização acabe fazendo com que as pessoas trabalhem mais.
A Netflix já havia inovado quando implantou a política de férias ilimitadas, que, apesar de revolucionária, também causou e causa questionamentos. Que critérios cada pessoa utiliza para definir quanto tempo será tirado? Um funcionário mais ansioso que não souber estabelecer um tempo mínimo necessário para o seu descanso, pode acabar por tirar menos dias do que tiraria se houvesse um tempo determinado pela empresa.
A diretora de políticas econômicas para mulheres do Center for American Progress,
Sarah Jane Glynn, posicionou-se por uma política mais definida, questionado se a medida não foi tomada sabendo de antemão que mesmo que os pais tenham o direito a um ano, só sairão por dois meses. "Se a Netflix acha que você deveria tirar um ano de férias, eles deveriam dizer que você tem um ano de férias" concluiu.
Tendência
Independentemente nas análises feitas, o fato é que a Netflix inova e lidera uma tendência: a Microsoft, por exemplo, anunciou poucas horas depois do anúncio da Netflix o aumento para 20 semanas de licença remunerada para as mães. Como ela, empresas de outros setores começam a mudar sua política com vistas a não perder jovens talentos.