São Paulo--(
DINO - 18 mai, 2016) - As cidades são cada vez mais modernas e revolucionárias, mas, ao olhar para as galerias subterrâneas de esgoto que mantém a limpeza do ambiente urbano, a tecnologia ainda vem de muitos anos atrás e consiste em um espaço confinado para os dejetos, onde ocorre alta produção de gases atóxicos e outros que são perigosos.
O sistema de esgoto é uma herança dos antigos romanos, que, pela primeira vez se preocuparam com a limpeza sanitária da cidade. Graças a eles, a população passou a ter melhores condições de vida, já que a coleta dos resíduos é capaz de evitar doenças como febre tifoide e leptospirose, até as fatais cólera e giardíase. O recolhimento dos dejetos orgânicos é tão importante que está entre as metas do milênio da Organização das Nações Unidas (ONU) para melhorar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) nas cidades que ainda não contam com um serviço eficiente.
No entanto, o sistema apresenta alguns perigos, que, na maior parte do tempo, ficam escondidos embaixo da terra, até virem à tona: a concentração dos gases pode causar graves explosões nas ruas, casas e prédios. Em um acidente que ocorreu recentemente na cidade do Rio de Janeiro, cinco pessoas morreram e 14 ficaram feridas após uma explosão devido aos gases do esgoto.
Casos como esse acontecem em outras cidades brasileiras e do mundo. O motivo é a falta de planejamento, não só na parte de cima dos locais, mas principalmente no universo subterrâneo. Além disso, os serviços acabaram sendo terceirizados para empresas que nem sempre investem em manutenção e em formação da equipe responsável. O problema fica ainda mais grave quando a fiação elétrica também é soterrada, solução estética muito mais bonita, mas que pode entrar em contato com os gases da decomposição do material orgânico que está presente nos tubos de conexão se houver frestas, mesmo que pequenas.
Os gases do esgoto
As tubulações subterrâneas armazenam, além dos dejetos humanos e pequenos objetos que vão parar no esgoto, uma série de gases provenientes da decomposição do material orgânico que passa por ali. Estão presentes o gás metano (CH4), gás sulfídrico (H2S), amônia (NH3) e nitrogênio (N2), extremamente pobres em oxigênio (O2).
O nitrogênio compõe 78% do ar que respiramos e somente ele não é capaz de reagir e formar reações nocivas a partir de sua liberação. Já o gás sulfídrico apresenta odor de ovo podre, como se estivéssemos perto do caminhão que recolhe o lixo nas ruas, mas, em alta concentração, é capaz até mesmo de deixar uma pessoa inconsciente. A amônia também tem cheiro forte quando está em alta concentração, e, por isso, pode ser um indicador de que existe um risco na região. É capaz de irritar os olhos e as mucosas. O metano, por sua vez, não tem odor nenhum e é altamente inflamável, representando um verdadeiro perigo invisível para uma explosão.
Os odores desagradáveis às vezes não chegam a ser sentidos na superfície. Se isso estiver acontecendo, pode ser sinal de mau funcionamento, ruptura ou vazamento do sistema, e um profissional deve ser acionado o mais rápido possível. Nunca tente resolver o problema por conta própria e nem confie a tarefa a pessoas inexperientes. A inalação dos gases não é recomendada, pois pode causar náuseas, irritações, dores de cabeça, sonolências e desmaios com risco de morte por asfixia. Por isso, é melhor deixar a fonte de origem do mau cheiro lacrada até a chegada de uma equipe capaz de lidar com a situação.
A construção das instalações subterrâneas de esgoto também deve contemplar a instalação de canos "respiro" para que os gazes gerados pela decomposição dos detritos possam se dissipar no ar.
Como evitar explosões
Até a onda de explosões em bueiros no Rio de Janeiro acontecer, nos anos de 2010 e 2011, não havia um monitoramento oficial. Ainda hoje, o número de casos na cidade é desconhecido, mas, em 2012, foram reportados 314 bueiros com grande risco de explosão. De acordo com a prefeitura, todos foram consertados. Na cidade, a multa para as empresas responsáveis pelas explosões chega a US$ 50 mil, além do pagamento de danos às vítimas.
Especialistas da engenharia advertem, no entanto, que inúmeros cabos são instalados nos subsolos, inclusive os elétricos. Com o passar dos anos, eles se tornam frágeis e começam a se desfazer, produzindo fagulhas que também podem causar curto-circuito em contato com o ar e com os gases presentes na decomposição dos materiais dos esgotos.
Com tampas de bueiros de até 50 quilos sendo arremessadas para o alto, os habitantes das grandes cidades têm colecionado histórias de perigos envolvendo explosões em decorrência da liberação dos gases do esgoto. Queimaduras e mortes são só alguns dos impactos causados nas vidas das pessoas atingidas por uma explosão. Grupos que atuam pelos direitos humanos e pela harmonia das cidades já chegaram até mesmo a realizar instalações urbanas bem-humoradas, mas que têm o objetivo de chamar atenção para os riscos que os olhos não veem.
Para continuarem sendo uma maneira eficaz de melhorar as vidas da população, os sistemas de coleta de esgoto devem ter a devida atenção. É preciso acabar com a atmosfera explosiva que está presente no ar identificando a origem dos gases, reparando as tubulações, investindo na substituição de sistemas antigos e, principalmente, fazendo a manutenção adequada com uma equipe especializada. A desorganização não causa nenhum orgulho ao legado dos romanos, mas, com a inovação, sempre é tempo de reverter a situação.
Fonte:
Desentupir 24h