Releases 22/10/2015 - 13:52

Brasil precisa se posicionar mais ativamente na busca por soluções sustentáveis, afirmam palestrantes do Sustentar 2015


Nova Lima (MG)--(DINO - 22 out, 2015) - O balanço do 8º Fórum Internacional pelo Desenvolvimento Sustentável (Sustentar 2015), realizado no dia 15 de outubro, em Nova Lima (MG), foi positivo. Durante o evento, aproximadamente 100 palestrantes, que participaram de quatro fóruns simultâneos, destacaram que o Brasil obteve avanços em preservação ambiental, mas precisa ir além para se tornar um país sustentável. Perante a magnitude das transformações humanas nas paisagens naturais, surge a necessidade de adotar medidas de planejamento e gestão que objetivem proteger e maximizar as potencialidades naturais do território nacional.

Neste ano, o Sustentar abordou o tema "Oportunidades: Inovações e Soluções Sustentáveis", com o objetivo de promover um debate sobre projetos e soluções para melhorar a qualidade de vida, mobilidade urbana, consumo sustentável e o futuro das cidades. Cerca de 1.200 pessoas compareceram ao evento. O Sustentar contou com a presença de membros do governo, iniciativa privada, setores empresarial e industrial, pesquisadores, ONGs, acadêmicos, estudantes e civis.

Na solenidade de abertura, foi apresentado, pela terceira vez consecutiva, o Ranking Produtos e Tecnologias Sustentáveis. A finalidade é avaliar produtos, serviços e iniciativas de sustentabilidade, classificando os projetos que melhor contribuem para uma economia e uma sociedade com altos padrões de qualidade ambiental.

O ranking avalia aspectos inerentes a produtos, serviços e iniciativas de sustentabilidade, como características, engajamento com stakeholders, inovação e resultados alcançados baseada na valorização do equilíbrio entre os três pilares da sustentabilidade: ambiental, econômico e social. As grandes vencedoras foram a Precon Engenharia, Instituto Inhotim e Libra Terminais. A empresa Ekofootprint Impressões Sustentáveis e a ONG Cooperativa de Artesãos Ramacrisna foram os destaques da edição. Posteriormente, eles participaram do debate "Como promover negócios sustentáveis inovadores?".

Logo após a abertura, houve o debate "Visão e Sustentabilidade", mediado pela jornalista Mara Pinheiro, que contou com a presença do presidente da Alpargatas, Márcio Utsch, a dirigente do Standards Development at Climate Bonds Initiative, Justine Leigh-Bell, o diretor da Escola de Ciências Ambientais da Universidade do Kansas/EUA, Christopher Brown, o professor e gerente do Núcleo de Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral, Heiko Spitzeck, e o cantor e compositor Lenine. Na ocasião, eles discutiram qual o papel do governo, da sociedade e das empresas na construção de um ambiente mais sustentável e a importância desse aspecto ser trabalhado desde a infância.

A palestrante Justine Leigh-Bell esteve engajada com governos, empresários e investidores durante os últimos dias e avaliou que o Brasil mostra avanços significativos na área de preservação do meio ambiente, em relação aos 20 anos anteriores, mas ainda tem um amplo dever de casa a cumprir. "O país ainda está na superfície e poucos estão agindo ativamente na tomada de decisões. Um dos maiores problemas do Brasil com relação às mudanças climáticas é que mais de 70% das emissões de gases causadores do efeito estufa na atmosfera são decorrentes de desmatamentos e queimadas. É preciso investir mais para reduzir esses níveis. Isso é indispensável para que possamos pensar em desenvolvimento sustentável."

Já Heiko Spitzeck afirmou que uma das principais deficiências é em relação à fiscalização. "É preciso elaborar punições mais severas para impedir o estabelecimento ou a continuidade de atividades consideradas lesivas ao meio ambiente ou, ainda, aquelas realizadas em não conformidade com o que foi autorizado. Afinal, muitas instituições e organizações só aprendem a ser sustentáveis quando os problemas se materializam", disse.

Sustentabilidade e a economia

Para que uma sociedade obtenha desenvolvimento sustentável, é preciso conseguir atingir equilíbrio ecológico entre os setores que fazem parte dessa sociedade. Entre esses setores, o que mais se preocupa em relação à busca de um equilíbrio sustentável é o econômico.

Durante os fóruns do Sustentar 2015, os palestrantes avaliaram que colocar a sustentabilidade no centro da estratégia do negócio não só pode ser um bom retorno diante dos consumidores como também gera lucro. Uma pesquisa realizada no Canadá, no primeiro trimestre deste ano, mostrou que as corporações que investem em sustentabilidade têm aumento de potencial de lucro em até 38% se comparadas às que não investem em procedimentos sustentáveis. Um estudo da consultoria PwC também aponta nesse sentido. Segundo o levantamento "CEO Pulse: Climate Change", três quartos dos executivos entrevistados disseram que estão desenvolvendo novos produtos e serviços para responder às alterações climáticas e um terço alega que tais iniciativas estão colaborando para o crescimento de seus negócios.

Isso mostra o potencial do investimento em sustentabilidade para o aprimoramento dos negócios e para aumentar a lucratividade. Em época de crise, essa pode ser uma excelente estratégia para as empresas crescerem ainda mais e conquistar novos públicos. A sustentabilidade econômica é a base de uma sociedade estável e mais justa, além de abrir diversas possibilidades dentro de todos os setores da comunidade. O país que consegue conciliar desenvolvimento econômico com desenvolvimento sustentável se torna livre da dependência de recursos e da concessão de outros países ou uniões econômicas.

Para o presidente da Alpargatas, Márcio Utsch, a incorporação do aspecto ambiental na gestão das empresas é hoje um imperativo para diversos segmentos econômicos, embora muitas estejam cada vez mais preparadas para a gestão ambiental eficiente de suas atividades. "O ano de 2015 apresenta um cenário pessimista com mudanças econômicas consideráveis, que afetam diretamente os brasileiros. Mas temos que destacar que a crise em geral auxilia no desenvolvimento sustentável do país, pois faz governo e população desenvolverem alternativas para solucionar os problemas que estão sendo enfrentados neste período", explica.