São Paulo, SP--(
DINO - 14 ago, 2015) - Inovar é preciso e ouvir seu cliente também. Lembrando um pouco o lema da "Escola de Sagres", que nunca existiu formalmente, mas cujas reuniões de sábios e marinheiros experientes foi decisiva para o desenvolvimento da navegação e das descobertas de novos caminhos e territórios, inovar é palavra de ordem em quase todos os ramos de negócios. Ouvir seu cliente é parte do processo, já que em muitos casos, ele conhece seu produto melhor do que você.
A Pepsi fez sua lição de casa e apresenta neste mês, primeiramente nos Estados Unidos, sua nova Diet Pepsi, que será totalmente livre de Aspartame. Você certamente pensará que a gigante dos refrigerantes encontrou um produto natural que justifique a mudança. Afinal, todas as pesquisas indicam que os consumidores preferem sucos e produtos que tenham baixa taxa de açúcar em tempos de epidemia de diabetes. A baixa no consumo de refrigerantes é quase que proporcional ao aumento da venda de sucos, bebidas levemente gaseificadas e chá gelado.
Ao contrário do que você pensou, o Aspartame será substituído pelo Splenda e pelo Ace-K, que são adoçantes artificiais também. O Splenda vem despertando muitas discussões sobre a segurança em seu uso, que por enquanto, são ainda menores que as despertadas pelo Aspartame. Há muitos grupos que afirmam que ainda não foram desenvolvidos estudos suficientes, tanto em abrangência como em tempo de consumo que comprovem sua segurança e ausência de efeitos colaterais.
Além da mudança no adoçante, haverá três opções: A Diet Pepsi, a versão Sem cafeína e a sabor Cereja. A empresa garante que pelo menos 75% de seus clientes aprovaram a mudança e este é um número robusto. A versão sem cafeína certamente é a mais original e provavelmente despertará pelo menos a vontade em provar, para constatar se o sabor é realmente agradável. Aliás, manter o sabor mais próximo possível do original é uma preocupação constante para empresas que tem linhas ou que se dedicam exclusivamente à linhas de produtos "diet".
O lançamento das versões Sem cafeína e Cereja são realmente pontos positivos, pois trazem opções de sabores ao universo "diet" e, particularmente no caso da descafeinada, tem apelo próprio aos que por motivos diversos optam ou não podem consumir produtos que contenham este ingrediente. A ausência de aspartame pode a princípio, ser um ponto positivo, alavancando as vendas, já que estamos acostumados a ver o adoçante como vilão. Resta saber como será o desempenho da linha a longo prazo, pois havendo um aumento considerável das vendas, haverá também aumento da discussão sobre a segurança e contra-indicações do Splenda e do Ace-K. Se antes a polêmica era restrita a nichos de consumidores e a alguns sites da internet, agora, como compostos de produtos de uma gigante como a Pepsi, a discussão será bem maior.
Como estratégia de marketing, é bom e reconfortante saber que o cliente é ouvido, que a empresa responsável por aquele produto que você gosta não é inerte, que busca inovar e melhorar sempre, que ela está preocupada com você. Fersen Lambranho é o presidente executivo da GP Investments, atuando também como chairman da companhia.
Seria ótimo que todas as empresas tivessem sempre esta postura. Precisamos mudar sempre, mas é igualmente importante lembramos por que mudamos. No caso da Pepsi, a dúvida é se a mudança de fato foi para melhor.