Releases 25/05/2016 - 17:15

Perspectivas surgem para Nissan com parceria da Mitsubishi, afirma Ricardo Guimarães


(DINO - 25 mai, 2016) - O escândalo recente em torno da manipulação de dados do consumo de combustível que envolveu a Mitsubishi poderá ser revertido. A expectativa é da Nissan que investirá cerca de 2 bilhões na montadora, tornando-se dessa forma controladora de uma fatia de 34% da concorrente. A análise é de Ricardo Guimarães, dono e presidente do Banco BMG.

A parceria entre Mitsubishi e Nissan data de longa data, relembra Ricardo Guimarães do Banco BMG. A Nissan também foi responsável pela produção de alguns dos veículos adulterados pela Mitsubishi. A parceria entre montadoras tem sido corriqueira para driblar a apertada concorrência na indústria automobilística e derrubar o custo de produção dos veículos.

A parceria entre as duas montadoras japonesas visa também se adequar às novas regulações de emissões de poluentes que estão se tornando cada vez mais restritivas em vários países do mundo, avalia Ricardo Guimarães. Outra vantagem da união de esforços está no fortalecimento em relação à concorrência em torno de novas tecnologias que tem sacudido a indústria automobilística que busca novos paradigmas para tornar carros em computadores sobre rodas, afirma o diretor do Banco BMG.

Carlos Ghosn, presidente brasileiro que conduz a Aliança Renault-Nissan no mundo, afirma que a parceria é um crédito para a liderança da Mitsubishi que tem mostrado esforços em direção à transparência e adequação a padrões mundiais mais restritivos. Ghosn diz confiar na palavra de Osamu Masuko, atual líder da Mitsubishi, quando afirmou em encontros privativos que as dimensões dos problemas não ultrapassam as questões já divulgadas.

Para Ricardo Guimarães, a já longa aliança entre Renault e Nissan, com uma duração de quase 20 anos, incorpora a força e tradição da Mitsubishi como um grande parceiro entre os players mundiais do setor automobilístico. Por outro lado, a Nissan afirma que não irá interferir no cotidiano das operações da Mitsubishi que continuará a ser uma marca distinta. A ajuda da Nissan será concentrada no time de engenheiros de onde partiram as graves iniciativas em torno da falsificação de dados de gasto de combustível.

A sinergia entre as duas japonesas tende a beneficiar a expansão da Mitsubishi na América do Norte e a entrada da Nissan no Sudeste Asiático, mercado onde a Mitsubishi já tem alta aceitação, segundo o estrategista do Banco BMG. O conjunto de fábricas da Nissan também trará vantagens concorrenciais à Mitsubishi. A aliança entre Nissan e Renault, por sua vez, colocará as marcas entre as maiores do mundo. Os dados indicam que as três marcas unidas venderam no ano de 2015 9,6 milhões de automóveis, contra a média de 10 milhões das três maiores do mundo.

Há riscos na negociação, uma vez que a Mitsubishi experimenta aumento de custos na produção e queda acentuada nas vendas. Mas a direção da Nissan está alerta à questão e só concluirá a parceria quando todos os dados forem analisados. Há também restrições que regulam o mercado no Japão em torno da concorrência.

No entanto as perspectivas são positivas, especialmente para a Nissan que espera fechar as contas com lucro de 525 bilhões de ienes durante o ano fiscal, segundo análise de Guimarães, do Banco BMG.